Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

Notícias

Após leilão, Cemig deve acelerar venda de ativos, como a Light

Após leilão, Cemig deve acelerar venda de ativos, como a Light

Em: 29/09/2017 às 14:11h por

Depois de perder as quatro hidrelétricas leiloadas pelo governo na quarta-feira a empresas estrangeiras, analistas avaliam que a Cemig deve acelerar seu programa de venda de ativos. Uma das principais apostas é a alienação de sua fatia de 26% na Light. Endividada e com menos receitas, a intenção da estatal mineira é angariar recursos para pagar parte de seus débitos, que somam R$ 12 bilhões no total. Os bens da empresa à venda, que incluem participações em diferentes companhias, têm valor patrimonial de R$ 6,56 bilhões (embora a venda, quando efetivada, não seja necessariamente neste valor).

Da lista de interessados na Light constam a italiana Enel, que já tem a concessão de municípios do interior do Estado do Rio, incluindo Niterói, e empresas chinesas, que chegaram a manifestar interesse na companhia por meio da consultoria Ciri International Technology. A mais citada é a State Power Investment Corporation (Spic), a principal vencedora do leilão de usinas. A expectativa é que as conversas sejam retomadas.
O impulso à negociação não é a toa. A dívida total da Cemig equivale a quase quatro vezes sua geração de caixa operacional. Além disso, ela tem R$ 4 bilhões em débitos que vencem até dezembro e R$ 3,9 bilhões ao longo do próximo ano.

De acordo com um executivo próximo das negociações, após o imbróglio envolvendo a venda das quatro usinas (São Simão, Volta Grande, Jaguara e Miranda), a companhia mineira enfrenta agora fortes críticas dos acionistas minoritários.— Os minoritários estão insatisfeitos com a postura dos executivos da Cemig, que não lutaram como deveriam para manter a concessão das usinas. A empresa propôs uma chamada de capital de R$ 1 bilhão, sem vender ativos, ou seja, teria que obter mais recursos próprios dos acionistas — disse a fonte. 

Bancada mineira tenta derrubar leilão 

Entre os negócios da companhia, o segmento de maior peso é o de transmissão, que representava mais de 40% do seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) antes do leilão. A área de geração tinha peso de 25%, mas deve encolher após a venda das usinas.

— Após o leilão, a Cemig ficou menos relevante no negócio de geração. É provável que ela se dedique mais a outros segmentos, até porque geração demanda muito investimento e a Cemig já tem uma dívida muito alta — avalia Mikio Kawai, diretor da consultoria Safira Energia.

Além da Light, a lista de ativos em busca de um comprador inclui a Gasmig, empresa de gás do grupo, e suas participações na transmissora Taesa (fatia de 19% do capital total), na usina hidrelétrica de Santo Antônio (18%) e na Renova, de fontes renováveis, como eólica, pequenas centrais hidrelétricas e solar (com fatia de 36,2%). Já existe uma negociação em curso para a compra da participação na Renova com a gestora de investimentos canadense Brookfield.

A Light pode render o maior volume de recursos. A empresa tem valor de mercado estimado em R$ 4 bilhões, e a Cemig tem praticamente metade das ações. Mesmo assim, ainda não foram contratados assessores financeiros para a venda.

Fonte: O Globo