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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Expectativa de disputa acirrada por hidrelétricas

Expectativa de disputa acirrada por hidrelétricas

Em: 27/09/2017 às 13:51h por

O leilão das quatro hidrelétricas que eram da Cemig cujas concessões já venceram, previsto para acontecer hoje, tem o potencial de arrecadar um ágio significativo em relação aos R$ 11 bilhões mínimos da outorga. O único obstáculo que coloca isso em risco é a própria Cemig, que não descarta conseguir uma liminar para suspender o leilão, a fim de chegar a um "acordo" com o governo para ficar com as usinas.

A previsão do governo é licitar hoje as hidrelétricas Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande, que somam 2.922 megawatts (MW) de capacidade instalada. Para se ter uma ideia do que está em jogo, a potência conjunta dos empreendimentos supera todo o parque gerador da AES Tietê (2.658 MW) ou da Cesp (1.654 MW).

Para a Cemig, o peso é relevante. As usinas representam metade do parque gerador de hidrelétricas da estatal mineira, ou um terço de toda sua potência instalada.

Não por acaso, várias companhias estrangeiras declararam interesse em participar do leilão, como a italiana Enel, a franco-belga Engie (cujo conselho de administração aprovou ontem a presença na disputa), a chinesa State Power Investment Corporation (SPIC), e o fundo de pensão canadense Canada Pension Plan (CPP). Já a Aliança Geração de Energia (joint venture entre a Vale e a própria Cemig) não deve participar, pois, segundo o Valor apurou, os sócios não chegaram a um acordo.

As regras do leilão são consideradas atrativas pelo mercado. Uma fatia de 30% da energia assegurada será destinada ao mercado livre, enquanto os outros 70% serão alocados no regime de cotas de garantia física e potência, mas uma tarifa muito maior que a determinada para aquelas hidrelétricas que aderiram ao criticado regime criado no governo de Dilma Rousseff em 2012.

Outro ponto positivo é que a energia contratada em cotas é livre do risco hidrológico (medido pelo fator GSF), que é totalmente alocado ao consumidor.

Pela análise do Goldman Sachs, que assume um preço de energia no mercado livre entre R$ 140 por megawatt-hora (MWh), média do ano passado, com a previsão de longo prazo de R$ 185 o MWh, o governo pode arrecadar de R$ 14,5 bilhões a R$ 18 bilhões no certame - o que representaria prêmio de 30,8% a 62,8% em relação aos R$ 11 bilhões mínimos da outorga.

A estimativa do banco leva em conta ainda uma taxa de retorno implicita de 7,5% nos investimentos, em linha com o registrado nos últimos leilões de usinas hidrelétricas feito no país.

Fonte: Valor Econômico