Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Para especialistas, remuneração melhor pode atrair mais investidores para o setor

Para especialistas, remuneração melhor pode atrair mais investidores p

Em: 28/09/2016 às 14:08h por

A elevação da receita anual permitida (RAP) do leilão de transmissão de 28 de outubro foi bem recebida por especialistas consultados pelo Valor. A questão do financiamento, porém, pode ser um obstáculo para a disputa.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elevou ontem a RAP máxima do leilão em 13,3%, para R$ 2,6 bilhões. Segundo Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, o custo médio ponderado de capital (Wacc) na disputa é de 9,67%, ante 8,38% do edital anterior.

Houve um reconhecimento na Aneel de que a falta de atratividade dos leilões de transmissão decorria do teto baixo estabelecido para a RAP dos projetos, segundo Sales. "Eles corrigiram os valores, alteraram a referência que tinham para o custo de capital próprio", disse.

A elevação da receita mostrou um governo com uma visão mais próxima da "realidade do mercado", avaliou Alexei Vivan, advogado especialista no setor elétrico e presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE).

De acordo com a Moody's, a mudança deve ajudar a atrair mais investidores. A agência vê o segmento de transmissão de energia como o mais estável do setor elétrico e não é influenciado por variações da demanda, ao contrário da distribuição.

"Temos uma perspectiva estável para o segmento [de transmissão] nos próximos 12 a 18 meses, levando também em conta as expectativas para o próximo leilão de transmissão com aproximadamente R$ 13 bilhões de investimento", disse a analista Aneliza Crnugelj.

Apesar de melhorar a situação, a nova receita oferecida não deve ser suficiente para atrair interessados para 100% dos lotes ofertados, disse Thaís Prandini, diretora-executiva da Thymos Energia. "A situação vem melhorando. É possível que atraia mais investidores, mas ainda não sabemos como os investidores vão poder captar os recursos", disse ela.

Essa foi a segunda vez que a Aneel alterou o edital da disputa. Da primeira vez, havia elevado a taxa de retorno, pois o BNDES reduziu o índice de financiamento de 70% para 50% dos itens.

Segundo Sales, ainda que o governo queira incentivar o uso de debêntures de infraestrutura no financiamento, essa é uma opção mais cara que as taxas cobradas pelo BNDES. "O movimento [da Aneel] foi na direção correta, mas ainda tem uma indefinição grande, é difícil prever se haverá sucesso no leilão", disse Sales.

Fonte: Valor Econômico