Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Falta de reservatórios em UHEs pode ameaçar benefício das renováveis, alerta PSR

Falta de reservatórios em UHEs pode ameaçar benefício das renováveis,

Em: 23/09/2016 às 14:09h por

Uma das características que mais contribuíram para a expansão das fontes renováveis nos últimos anos, os reservatórios de usinas, está sendo desmantelado no Brasil. Essa é a avaliação do presidente da PSR, Mário Veiga, que alertou para o que chamou de ‘alemanização do país’, em referência ao fato de que aquele país europeu teve que recorrer a construção de usinas térmicas de backup para atender a demanda por energia quando para de ventar por lá.

Em um evento sobre seguros para o setor elétrico promovido pela Swiss Re Corporate Solutions, o presidente da PSR explicou que essa redução de verdadeiros armazéns energéticos que o Brasil dispõe aumenta o risco da variabilidade de produção. E exemplificou com os casos das maiores UHEs em construção no país, que estão na região Norte e são a fio d´água.

“A produção entre os maiores volumes e os menores dessas usinas está muito além do que estamos acostumados. Nas usinas do Madeira, Santo Antônio e Jirau, essa diferença é entre os picos e vales é de 4,5 vezes e em Belo Monte é de 25 vezes. 

Ou seja, esse nosso sistema de armazenamento vai colapsar. Fizemos a inserção das renováveis mais bem feita do mundo e a primeira coisa que proibimos logo em seguida são os reservatórios”, indignou-se. “Mas há solução, a geração térmica”, acrescentou.

Veiga lembrou que com o avanço das eólicas na matriz elétrica nacional, que deverá chegar a cerca de 20 GW até 2020, o despacho térmico deverá aumentar para compensar a variação de produção que pode em um mesmo dia chegar a um recorde de geração e pouco tempo depois reduzir drasticamente a energia injetada na rede. “Eu não tenho como gerenciar essa variabilidade, estamos nos aproximando de uma alemanização do Brasil, pois eles precisaram de usinas térmicas como backup. Estamos criando um risco grande e sem falar na parte das mudanças climáticas”, alertou.

Segundo ele, as renováveis brasileiras se tornaram um caso de sucesso no mundo em decorrência da não necessidade de subsídios para sua implantação. No caso alemão, citou valores de 120 bilhões de euros de incentivos. Mas que levou à necessidade de terem 30 mil MW em térmicas para entrarem em operação nos momentos que não há vento. Por aqui, comparou, o Brasil dispõe além da eólica, da biomassa como um fonte exatamente complementar à hidráulica e a diversidade de bacias bem como o sistema de transmissão que ajuda na exportação de energia a submercados que não possuem geração em um determinado momento.

O problema das variações climáticas e da falta de reservatórios, comentou, traz o aumento da vulnerabilidade do setor que podem ser parcialmente protegidos por mecanismos regulatórios, como o MRE, quando o risco é cruzado, ou seja, parcial no país. Quando esse risco é sistêmico não há solução e o país fica exposto a riscos que elevam os preços como consequência dessa vulnerabilidade, que no final, acaba sendo transferido ao consumidor.

Fonte: Canal Energia