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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Usinas térmicas paradas planejam exportar energia para a Argentina

Usinas térmicas paradas planejam exportar energia para a Argentina

Em: 09/09/2016 às 14:48h por

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Vender energia diretamente para a Argentina passou a ser uma possibilidade para as usinas térmicas de Cuiabá, Uruguaiana e Araucária –as três que não têm contratos com o ONS (Operador Nacional do Sistema).
Nesta quinta-feira (8), a térmica de Cuiabá, de propriedade do grupo J&F Investimentos, dono da JBS Friboi, recebeu autorização do governo para usar uma estação que adapta a energia brasileira ao sistema do país vizinho.

Esse é um primeiro passo para atender o processo de exportação direta de geradora a outro país, afirma Humberto Junqueira de Farias, presidente da empresa.
"Não temos a obrigação de fornecer ao sistema [brasileiro], então começamos a deliberar com a Argentina para ver se há interesse deles e quais as condições."
A AES Uruguaiana (RS) terá de passar pelo mesmo processo, mas pensa em outro contrato: quer alugar a usina, e não vender energia.

Se o governo de Buenos Aires aceitar, entregará gás à AES e pagará pelo uso –não importa se fará isso com 1MW ou 600MW, que é a capacidade, explica Ítalo Freitas, o presidente da empresa.
"Estamos em discussão de condições e trabalhamos na autorização", afirma.
A empresa foi contratada com urgência pelo ONS durante meses em 2013, 2014 e 2015, mas, fora isso, está sem operar desde 2008.

A usina de Araucária (PR) observa o movimento das outras duas que estão hibernando, diz o diretor técnico Flávio Chiesa. "Para quem sucumbe com custos fixos, é a melhor coisa, mas o preço que a Argentina paga pelo MW precisa ser competitivo."

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PROBLEMA NOVO
Países da América do Sul enviam e recebem energia uns aos outros quando há risco de apagão, mas não é uma relação comercial.
É um acordo bilateral entre os países que envolve transmissão de megawatts: "Quando um precisa, o outro entrega", diz Luiz Barata, diretor do ONS.

As geradoras brasileiras não enfrentaram, até recentemente, cenário de sobra de energia. A situação de três térmicas descontratadas é inédita. Exportar para a Argentina seria uma saída.
Se esses acordos forem fechados, não vão poder influenciar tarifas no Brasil.
"Os preços aqui são calculados a partir do custo marginal de produção. Se houver exportação, essa carga não vai ser levada em conta e não vai afetar esse cálculo."

Fonte: Folha de S. Paulo