Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Descentralização de ativos pode fazer gás avançar como fonte de geração

Descentralização de ativos pode fazer gás avançar como fonte de geraç

Em: 22/08/2016 às 14:13h por

A exposição da matriz elétrica brasileira a fontes dependentes do clima, combinada à descentralização de ativos da Petrobras, está reforçando a aposta do setor no avanço do gás como fonte de geração.
"Outras fontes de energia tendem a ter grande atratividade, como a energia solar. Já a eólica eu tenho dúvidas, porque pode não ter a mesma eficiência que as demais. Mas se enfrentarmos um novo período de seca, as termelétricas a gás tendem a voltar, porque ainda somos muito dependentes da geração hídrica", comentou o sócio da área de óleo e gás da consultoria KPMG, Anderson Dutra.

Na avaliação dele, mesmo o desligamento das termelétricas neste ano, em função da menor demanda por energia no País, não deve desestimular investimos no setor, porque a exposição às fontes dependentes do clima pode trazer problemas no fornecimento de energia elétrica.

"Quando a atividade econômica acelerar de novo, não há dúvida de que a geração termelétrica a gás será a fonte que vai garantir o equilíbrio do sistema", afirmou o diretor executivo da comercializadora de energia Safira Energia, Mikio Kawai Júnior.
A potência instalada no Brasil atualmente ainda é dominada pelas usinas hidrelétricas, cuja participação é de 61,1%, seguidas pelas termelétricas (27,8%) e eólicas (6,0%). As demais fontes têm participação inferior a 4% desse total, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Expansão do mercado

A venda de ativos da Petrobras, cuja presença no setor vai da extração à distribuição deve estimular ainda mais o desenvolvimento da cadeia de gás no País, destacaram fontes ouvidas pelo DCI.
Depois de vender uma fatia de 49% na distribuidora Gaspetro para a Mitsui no fim de 2015, a estatal continua negociando com a Brookfield para se desfazer da malha de gasodutos Nova Transportadora do Sudeste (NTS).

"A Petrobras era a principal investidora na área de gás, mas como esse é um dos negócios dos quais ela está se desfazendo, há muita oportunidade de negócios para o desenvolvimento da infraestrutura para distribuição de gás no País", disse Dutra, da KPMG.

Avaliação similar é feita pelo presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales. Para ele, a compra dos ativos da Petrobras é a oportunidade do setor assistir a entrada de novos investidores. "Como uma oferta de ativos como a que estamos vendo não se repete, tem muita gente olhando isso. Mas ainda é importante ter segurança regulatória, que dará previsibilidade e, nesse sentido, acredito que o Brasil está avançando", comentou ele.

Cadeia de fornecedores

A General Electric (GE) já está contando com a expansão do gás como fonte de energia para ampliar as vendas de turbinas no mercado brasileiro. Segundo o líder de vendas da GE Gas Power Systems Conesul, Daniel Meniuk, a descentralização tende a ajudar ainda mais na expansão das usinas.
"Com privatização e regulamentação do setor, a expectativa é abrir a possibilidade de desenvolver conversação de gás para energia de forma mais eficiente e do ponto de vista de mercado, mais competitiva, podendo fornecer uma energia mais barata", defendeu ele.

Para o executivo, se o movimento se confirmar, o Brasil deve seguir uma tendência observada em outros países, que investem nas termelétricas movidas à gás como fonte de transição para energias limpas. "No mundo todo se fala de substituição de térmicas a carvão por gás, que é uma fonte menos agressiva ao meio ambiente e hoje temos turbinas muito mais eficientes", citou.

Meniuk aposta que o custo menor e a baixa exposição a riscos com interrupção na geração devem sustentar a ampliação do setor. "Mesmo com o momento atual de sobrecontratação, a termelétrica tem a vantagem de ser desligada mais rápido e isso permite maior controle do nível de geração", acrescentou ele.

A GE já tem turbinas instaladas em usinas brasileiras e, segundo Meniuk, os ganhadores dos últimos leilões de geração a gás estão em processo de aquisição dos produtos da companhia. As turbinas da GE são fabricadas nas plantas de Greenville, nos Estados Unidos e Belfort, na França.

Fonte: DCI