Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
A consolidação do período seco, o fim do fenômeno climático "El Niño", caracterizado pela ocorrência de chuvas fortes no Sul, e a expectativa dos órgãos oficiais de crescimento do consumo de energia este ano podem elevar os preços no mercado livre, segundo executivos ouvidos pelo Valor. Na última semana, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) ajustaram a previsão de crescimento da carga (consumo mais perdas) para 2016, passando de uma queda de 2,4% para uma alta de 1%, ante o ano passado. As duas entidades também estimam agora um crescimento de 0,5% do consumo de energia no país este ano.
Na primeira semana de agosto, o preço de liquidação das diferenças (PLD), que baliza o preço de curto prazo, já avançou 52%, para R$ 117,58 por megawatt-hora (MWh), devido à consolidação do período seco e ao fim do fenômeno "El Niño". O preço permanece estável para esta semana (R$ 117,44/MWh).
"A cada semana pode vir uma surpresa. E geralmente quando isso acontece, o mercado acaba elevando o preço de tudo, principalmente o prêmio de risco", afirmou Marcelo Parodi, diretor da Compass Energia, especializada em comercialização de energia
Para Walfrido Avila, presidente da Tradener, primeira comercializadora de energia a operar no país, há 18 anos, a revisão da projeção de carga pelo ONS era necessária, para readequar as previsões à realidade da operação nos últimos meses. "Isso já deveria ter sido consertado. Isso está trazendo uma distorção de preço muito grande".
Segundo o executivo, porém, o comportamento dos preços de energia no mercado de curto prazo até o fim do ano vai depender da configuração climática dos próximos meses. "Vai depender da seca que está aí. No Norte e Nordeste, é a maior seca do histórico. Eventualmente podemos ter uma surpresa [com relação aos preços] para o fim do ano, se a seca persistir".
Para Paulo Toledo, sócio-diretor da Ecom Energia, o recente aumento dos preços no mercado livre foram influenciados pelo descolamento da carga realizada em relação ao projetado oficialmente. "Para 2016, o que está impactando mais é o descolamento da carga em relação à previsão", explicou o executivo. Segundo ele, para 2017, os preços de energia no mercado livre estão sendo influenciados pelas incertezas relativas à sinalização de uma mudança no modelo do setor elétrico prevista para o correr nos próximos meses.
Segundo o diretor-presidente da Engie Brasil Energia (antiga Tractebel), Eduardo Sattamini, outro fator que influencia a alta dos preços no mercado livre de energia é a falta de liquidez no ambiente de negócios, pois parte do excesso da oferta está "preso" em contratos firmados entre geradoras e distribuidoras, que passaram à condição de sobrecontratadas devido à queda da demanda. "Estamos tendo uma situação contraditória. Você tem um excesso de oferta e um aumento no nível de preço", disse o executivo, em teleconferência com analistas na última semana.
Por outro lado, a elevação do PLD beneficia as distribuidoras sobrecontratadas. Quanto maior o preço de curto prazo, menor é o prejuízo que essas empresas possuem ao liquidar seus contratos no mercado de curto prazo.
Fonte: Valor Econômico
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