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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Energisa tem capacidade financeira para adquirir a Rede Energia, afirma Maurício Botelho

Energisa tem capacidade financeira para adquirir a Rede Energia, afirm

Em: 12/08/2013 às 09:05h por Canal Energia

A Energisa está tranquila para apresentar a sua capacidade de financiar a aquisição do Grupo Rede. A empresa estuda fontes internas e externas de captação de recursos para acomodar os cerca de R$ 3 bilhões de sua proposta. Entre elas estão a capitalização com a anuência dos sócios controladores (família Botelho, Antônio José Carneiro e Gávea Investimentos) e empréstimos com bancos nacionais e internacionais. Segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Maurício Botelho, as conversas já efetuadas até o momento já trazem recursos mais do que suficientes para assumir o Grupo Rede Energia.

"Já temos alguns bilhões de reais aprovados", afirmou ele em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia. "Além disso há a nossa situação de caixa que, conforme os resultados do segundo trimestre, está em R$ 1,2 bilhão", acrescentou ele.

O executivo explicou que o plano de recuperação judicial está dividido em duas partes, a parcela de R$ 1,950 bilhão referentes às dívidas do controlador e outra de R$ 1,1 bilhão em investimentos nas subsidiárias. Na primeira parte a empresa negociará com dois grandes credores do Grupo Rede, o BNB e o FI-FGTS, que juntos respondem por uma parcela de R$ 1,2 bilhão que não terá deságio e sim um alongamento da dívida.

"A necessidade de caixa inicial para a aquisição é menor, exatamente em função do alongamento desse pessoal que prefere não ter corte", revelou. "Na Aneel, é que precisa aportar nas empresas, dessa parcela de R$ 1,1 bilhão muito fica na própria empresa. Tem ainda mais R$ 450 milhões que são créditos intercompanhia em que a holding deve para a empresa abaixo, então desse R$ 1,1 bilhão que estamos estimando nesse plano da Aneel, R$ 450 milhões é repagamento de créditos intercompanhia", afirmou o executivo.

Com isso, a empresa não precisaria desse R$ 1,1 bilhão pois grande parte é de dentro da própria Rede Energia. Associados esses dois fatores, o valor aportado em recursos inciais seriam bem menores que os pouco mais de R$ 3 bilhões da proposta.

Além disso, a própria geração de caixa das distribuidoras teria importância na questão do pagamento da dívida alongada. Nesse passo, explicou o executivo, a equalização dos financiamentos adequadamente no tempo com alongamento necessário, substituição de dívidas caras por dinheiro mais barato. "Obviamente com uma qualidade melhor de crédito, naturalmente, os credores vão substitutir as linhas antigas por outras mais baratas", acrescentou.

Botelho revelou ainda que a Energisa já vem conversando com bancos que são parceiros em comum para as duas empresas no sentido de reestruturar os passivos, alongar dívidas ou substituir por operações no mercado de capitais, mas vai depender muito do momento do mercado. Inclusive, devido a esse humor a empresa pode acessar o mercado de FDIC, debêntures normais ou debêntures de infraestrutura.

"O nosso plano prevê dinheiro novo também (...) o plano proposto traz a possibilidade de o credor com ou sem dinheiro novo. Se coloca dinheiro novo a taxa dejuros é mais alto, se não coloca tem taxa mais baixa", detalhou.

Ao final do segundo semestre deste ano a Energisa registrou um nível de alavancagem de 2,9 vezes a relação entre a dívida líquida e o resultado Ebtida (antes de impostos, juros, depreciação e amortização) com R$ 2,038 bilhões, sendo que o prazo médio é de 5,2 anos. Esse indicador, aumentará, mas o executivo preferiu não indicar quanto. "Não é adequado falar disso agora, é natural aumentar, mas precisamos ver a parte da capitalização como é que vai ser (...) deixa aprovar o plano e os sócios decidirem para podermos abrir ao mercado", comentou.

Ele fez questão de lembrar que a companhia terá maior geração de Ebtida com novos projetos que estão para entrar em operação, como usina eólica e a própria operação das distribuidoras do Grupo Rede, que terão melhor qualidade de operação. Aliás, ele destacou a capacidade operacional da Energisa em trabalhar com aumento de concessões.

Botelho relembrou que a Energisa passou por um aumento expressivo de número de clientes no final dos anos 1990 até o ano 2000. Na época a empresa atendia a 214 mil clientes e com as aquisições realizadas, chegou ao ano 2000 com cerca de 2 milhões. Ele comparou ainda o tamanho do Grupo Rede com o atual patamar da Energisa colocando a recuperanda como 1,3 vezes maior, que a Energisa, o que não deverá se configurar em um problema para a empresa, apesar de reconhecer que há desafios operacionais nas distribuidoras que estão no foco da aquisição.

Sobre a proximidade do vencimento do período de intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica nas distribuidoras do grupo, Botelho diz que o regulador é quem toma a decisão e que espera que a agência seja sensata com o caso e que essa sensatez poderia levar à renovação do período de intervenção, pois o processo tem seu ritmo e depende do judiciário. Outro ponto que ele comentou brevemente foi a questão da Justiça que poderá apreciar o plano na semana que vem, em primeira instância, mas que ainda deverá ser homologado em segunda instância.