Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
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Depois de ter escapado por pouco de atingir o volume morto, no ano passado, a situação do reservatório da usina de Sobradinho (BA) deixa o governo novamente em estado de alerta. O nível do lago tem caído vertiginosamente e pode chegar a menos de 5% no fim de novembro, conforme as projeções feitas pelas autoridades da área energética.
Para evitar uma situação ainda mais dramática, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) pretende manter até dezembro a vazão reduzida de Sobradinho, que atualmente libera 800 metros cúbicos por segundo de água para o curso do rio São Francisco.
"Estamos realmente preocupados", afirmou ao Valor o diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata. O reservatório da usina hidrelétrica opera hoje com 19% de sua capacidade máxima. Há um ano, estava ainda mais vazio (16%). O grande problema é que desde março, conforme explica Barata, o volume de água que entra na represa tem ficado abaixo das quantidades já bastante críticas verificadas em 2015. "Tem sido o pior índice da história. A situação hidrológica não tem ajudado em nada no processo de recuperação", emenda o executivo.
A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Ibama autorizaram, em caráter excepcional, uma vazão defluente (a quantidade de água que é liberada pelas comportas da usina rio abaixo) de 800 m³/s até setembro. Isso já representa uma situação inédita no funcionamento da hidrelétrica. Em circunstâncias normais, o fluxo é de 1.300 m³/s. Diante do esvaziamento acelerado, houve uma mudança para 1.100 m³/s e, depois, para 900 m³/s no ano passado. Barata não descarta operar com vazões até menores, mas frisa a necessidade de conversas técnicas com o Ministério do Meio Ambiente e com o Ministério da Integração Nacional.
Organizações ambientais e o comitê da bacia hidrográfica do São Francisco têm apontado riscos na operação prolongada de Sobradinho com vazões reduzidas. Um dos riscos potenciais é a salinização no rio, já que ele ficaria sem força suficiente para conter o avanço das águas do mar.
Terceiro maior lago artificial do planeta, com 4,2 mil quilômetros de área alagada, Sobradinho tem como uma de suas funções a regularização do volume de água que corre no Velho Chico. Tem 1,1 mil megawatts (MW) de capacidade instalada. Barata tranquiliza o setor: a operação do sistema pode tornar-se mais difícil sem a geração da usina, mas não é isso o que mais preocupa as autoridades. As eólicas já têm suprido quase metade da demanda no Nordeste e pode-se aumentar a transferência de outras regiões.
A inquietação está no abastecimento das comunidades que usam as águas do rio São Francisco para consumo ou projetos de agricultura irrigada.
Fonte: Valor Econômico
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