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Após assumir hidrelétricas, aquisições voltam ao radar do grupo chinês CTG

Após assumir hidrelétricas, aquisições voltam ao radar do grupo chinês

Em: 01/07/2016 às 13:00h por

Concluída a transição da operação das hidrelétricas Jupiá e Ilha Solteira, a China Three Gorges (CTG) poderá agora voltar as atenções ao mercado brasileiro e avalia diversas oportunidades de fusões e aquisições, afirmou, em entrevista ao Valor, Li Yinsheng, presidente da CTG Brasil.

Até então, o foco da dona de Três Gargantas, maior hidrelétrica do mundo, era concluir a transição nas duas usinas, arrematadas no leilão de relicitação, em novembro, com pagamento de R$ 13,5 bilhões em bônus da outorga.

Nesses seis meses, a CTG avaliou as condições das usinas e "trabalhou duro" em um plano de melhorias. "Vamos pegar todos os ativos e modernizá-los e melhorá-los nos próximos anos", disse. Ainda não foi definido um valor desses investimentos em manutenção e modernização.

A hidrelétrica Ilha Solteira tem 3,4 mil megawatts (MW) de capacidade e Jupiá tem 1,5 mil MW. Com as aquisições, a CTG saltou para a posição de segunda maior geradora privada do país. No mundo, a chinesa lidera em geração de energia pela fonte hídrica.

"Temos um time de fusões e aquisições que está avaliando diferentes oportunidades no Brasil", disse Yinsheng. Além disso, a companhia ainda estuda projetos de energia nova ("greenfield"), sempre com foco em energia nas fontes hidrelétrica e eólica. Os projetos de energia nova, porém, podem ter que esperar.

"A situação econômica atual implica numa demanda menor por energia nos próximos dois anos. Acreditamos que o desenvolvimento de "greenfield", especialmente para grandes projetos, pode ser atrasado", disse o executivo da companhia chinesa.

Segundo ele, o processo de transição do controle das usinas tem sido bem sucedido. Nos últimos seis meses, a CTG trabalhou com a Cesp, em um esforço de adaptação para tornar o processo "o mais suave possível". A companhia chinesa ofereceu aos funcionários da Cesp a manutenção de seus cargos nas usinas, proposta aceita por 84% deles, disse Yinsheng. "Ficamos felizes com isso. Vai assegurar uma transição suave das operações."

A CTG Brasil vê "boas oportunidades" para compra de ativos no mercado brasileiro hoje, mas Yinsheng evita falar que o mercado está "barato". "Somos investidores de longo prazo. Ainda temos confiança no Brasil. A situação atual mostrou alguns sinais encorajadores ao mercado para atrair investimentos privados", avalia.

Yinsheng confirmou que os sócios da hidrelétrica Santo Antonio foram à China em busca de compradores para a usina, mas disse que nada foi concluído ainda. "A Santo Antonio encontrou a CTG e também outros potenciais compradores. É uma das usinas que nossa equipe avalia", disse.

Questionado sobre outras oportunidades no mercado, como uma participação na hidrelétrica Belo Monte, as usinas da Duke Energy, ou as participações minoritárias da Eletrobras, Yinsheng disse que não há acordo ou negociação avançada nesse momento para nenhum desses ativos, mas todos são avaliados por sua equipe.

Sobre as participações da Eletrobras nas sociedades de propósito específico (SPEs), Yinsheng disse que "pode ser uma opção". "Mas o que ouvimos é que haverá um processo de venda, mas ainda não vemos nada sólido, nenhuma informação material sobre isso". Ele aposta também em ativos de energia eólica, mas diz não ter ainda decisão sobre uma possível participação em leilão neste ano.

Fonte: Valor Econômico