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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Queda no consumo é desafio para Celesc

Queda no consumo é desafio para Celesc

Em: 12/02/2016 às 15:51h por

A queda no consumo de energia é um dos principais desafios que a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) tem pela frente, ao mesmo tempo em que se esforça para aumentar o peso do segmento de geração em seu faturamento e segue com iniciativas para redução de custos.
"Foi um ano bem complexo para o setor como um todo", afirmou, em entrevista ao Valor, Cleverson Siewert, presidente da estatal catarinense. "Em Santa Catarina, não vimos a queda no consumo nos últimos 15 anos e agora tivemos uma queda, foi um ponto delicado". Os dados operacionais da companhia, publicados em 26 de janeiro, apontaram uma queda de 2,6% no consumo de energia em 2015.
Outro desafio citado por ele foi o grande número de ações judiciais. "Muita coisa foi judicializada, nunca sabíamos o que aconteceria no mês seguinte, se haveria novas liminares, algum pagamento trancado", afirmou.
Apesar dos desafios, Siewert destaca duas vitórias obtidas nos últimos meses do ano e que devem ditar o ritmo de crescimento a partir de agora. "Foi um bom ano, continuamos adequando a companhia num processo de corte de custos, de transformação em função da nova lógica setorial. Terminamos o ano com a renovação da distribuidora e ganhamos as nossas usinas no leilão", afirmou.
Em um leilão em novembro, a Celesc arrematou de volta cinco pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) cujas concessões não tinham sido renovadas, com 63,2 megawatts (MW) de potência instalada. As condições foram consideradas vantajosas e a companhia já garantiu, no curto prazo, os recursos para pagar os R$ 230 milhões em bonificação pela outorga. "Temos financiamento de curto prazo com 65% de capital de terceiros e 35% de capital próprio", explicou. Ao mesmo tempo, avaliam um financiamento de longo prazo, mais estruturado, "mas vai depender do mercado, se vão aceitar esse tipo de operação", completou.
No longo prazo, o plano da companhia é expandir sua capacidade de geração de energia. "Temos hoje algo em torno de 120 MW de geração em nosso parque próprio. Queremos fechar 2016 com 150 MW, chegar a 2020 com 300 MW e em 2030 com 1.000 MW", afirmou. Para isso, avaliam projetos desde termelétricas na região Sul até eólicas no Nordeste. Uma condição para os novos projetos, porém, é que já estejam próximos de linhas de transmissão. "Não queremos correr o risco de entrar numa obra que não vai ter transmissão", disse.
Enquanto isso, a principal preocupação continua sendo como lidar com o nível excessivo de energia contratada pela distribuidora, de cerca de 107% do mercado. "A percepção que temos é de queda ainda em 2016 na distribuição", disse. Como a retração do mercado foi mais acentuada nos últimos meses do ano passado, a tendência "continua sendo de queda", refletindo tanto o enfraquecimento da economia quanto o aumento das tarifas.
O cenário é prejudicial para todas as distribuidoras do país. "Existe uma movimentação inteira da Abradee [associação das distribuidoras] com o governo, acho que existe bom senso de lado a lado para entender que isso prejudica as empresas", disse Siewert.
O descasamento de caixa causado pelo câmbio é outra questão que afeta a distribuidora. A energia comprada de Itaipu é paga em dólar e essa despesa entra na chamada "Parcela A". Como a data da revisão tarifária da Celesc é em agosto, ela só vai repor as despesas com o câmbio em seu caixa em agosto deste ano. "Isso dá um déficit de R$ 25 milhões por mês" disse. Até a revisão, a Celesc precisa de empréstimos para estabilizar as necessidades de caixa.
"Enquanto o setor de distribuição não conseguir voltar ao que era, muito 'flat', vamos ter que ir a bancos pedir empréstimos e depois pagar no reajuste", disse.
A Celesc segue cumprindo seu cronograma de investimentos. "Mesmo com as dificuldades setoriais estamos caminhando fortemente". Os programas de eficiencia operacional também continuam sendo executados, como o de redução dos gastos gerenciáveis consolidados (PMSO).
O conselho da Celesc considera também um novo Plano de Demissão Voluntária (PDV), nos moldes do realizado em 2013.
"Temos um plano de eficiencia operacional em andamento com 110 ações tomadas na empresa. Esse programa está com mais ou menos 70% concluído e com 50% dos ganhos auferidos. Nos próximos dois anos, devemos complementar os programas físicos, que vão trazer mais ganhos", disse. (Valor Econômico)