O mercado de energia elétrica de curto prazo do Brasil teve suspensa a liquidação financeira referente a outubro, devido ao impasse judicial com empresas que contam com liminares para evitar perdas com o chamado risco hidrológico, informou ontem a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O mesmo ocorrera em setembro, quando foi suspensa a liquidação de R$ 4,2 bilhões. As geradoras vêm recorrendo à Justiça para não ter de arcar com todo o custo da energia comprada no mercado livre. Segundo o presidente da comercializadora de energia América, Andrew Frank, a suspensão não chegou a surpreender, mas evidencia a dificuldade da CCEE para destravar o mercado.

A última liquidação realizada pela CCEE, referente a agosto, envolveu R$ 4,27 bilhões e registrou um recorde de 56,3% de inadimplência.

— A liquidação não é só um procedimento burocrático, há valores envolvidos. Há térmicas gerando energia, principalmente da Petrobras, que não estão recebendo (devido à inadimplência e à paralisação das liquidações) — disse Frank à Reuters.

A CCEE informou ter se reunido, no fim de novembro, com associações do setor elétrico, mas as partes não chegaram a um consenso para destravar as operações. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tenta negociar com as hidrelétricas uma compensação pelas perdas com a seca, em troca da retirada das ações judiciais. Pelo acordo, o risco será repassado ao consumidor. As companhias têm até o próximo dia 4 para decidir se aceitam o acordo. (O Globo)