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Enel amplia investimento no Brasil

Enel amplia investimento no Brasil

Em: 19/11/2015 às 14:23h por

O plano da gigante italiana do setor energético Enel para crescer no Brasil em tempos de recessão econômica e incerteza política está traçado. Envolve investir de forma equilibrada em geração e distribuição de energia, sem alimentar a falsa ambição de "tentar ser rei" no país. A cifra para bancar essa filosofia também está definida: € 3,4 bilhões de até 2019, acréscimo de € 400 milhões em relação ao planejamento da companhia para o período 2016-2019 divulgado, inicialmente, em março deste ano.
Parte desse valor deverá ser destinado à compra de distribuidoras de energia, principalmente as estatais estaduais hoje sob controle da Eletrobras. A outra parte desse montante será usado para financiar o aumento da capacidade instalada de geração de energia no país. A ideia é passar dos atuais 1.364 megawatts (distribuidos entre usinas hidrelétricas, termelétricas e parques eólicos e solares) para algo em torno de 2.000 MW.
As empresas do grupo Enel no Brasil respondem por duas importantes distribuidoras de energia: a Ampla (do Rio de Janeiro) e a Coelce (do Ceará).
Em evento realizado ontem em Londres para divulgação do plano global de investimentos para os próximos quatro anos, o diretor de infraestrutura e redes da Enel, Livio Gallo, afirmou que as "oportunidades de privatização de empresas públicas de energia brasileiras são uma das nossas principais vias de expansão." Em seguida, o presidente mundial da multinacional italiana, Francesco Starace, disse que a Enel está interessada "em mais de uma" distribuidora com chance de ser privatizada.
No mercado circulam análises de que a Enel teria interesse nos ativos de distribuição que a Eletrobras planeja colocar à venda. A estatal tem sob controle hoje a Celg (GO), Ceal (AL), Ceron (RO), Cepisa (PI), Eletroacre (AC), CEA (AP) e Cerr (RR). Starace não informou as empresas nas quais tem interesse, mas deu uma pista. "Não seria muito esperto de minha parte dizer quais empresas nos interessam, mas vamos seguir a lógica de mercados com classe média consumidora consolidada e de proximidade geográfica em termos de distribuição. Então, a Eletroacre, que fica no meio da Amazônia, não parece uma escolha interessante", afirmou o executivo italiano durante o evento em Londres.
Sobre o crescimento da capacidade de geração de energia no Brasil, Starace disse que espera um avanço entre 650 MW e 780 MW em energia renovável - como as hidrelétricas e outras fontes. "Vamos participar dos leilões de usinas hidrelétricas da semana que vem, mas vamos focar apenas nas pequenas. Não tivemos tempo para nos preparar e formular ofertas para as grandes hidrelétricas; no futuro teremos outras oportunidades", disse o executivo.
O presidente mundial da Enel também declarou que só enxerga oportunidades diante do quadro atual de recessão e crise política vivido pelo país. "Estar no Brasil no meio de uma crise parece estranho, mas o país de hoje é muito diferente do país de algum tempo atrás, quando enfrentava esse tipo de crise. O Brasil hoje é muito mais maduro e avançado, são 50 milhões, 60 milhões de pessoas educadas e de classe que não vão aceitar nenhum tipo de retrocesso político. É um bom momento para olhar para o Brasil como oportunidade. Queremos de forma equilibrada, com geração e distribuição juntos. Não queremos tentar ser reis no Brasil", afirmou Starace.
No evento de ontem, a Enel anunciou que investirá € 17 bilhões em expansão de seus negócios em todo o mundo no período 2016-2019, um acréscimo de € 2,7 bilhões em relação ao montante no plano estratégico anunciado em março. Além disso, a multinacional italiana aprovou a total integração à holding global da empresa de energia renovável do grupo, Enel Green Power (EGP). A aquisição de 31% da EGP será feita por meio de emissão de mais de 770,5 milhões de novas ações a serem adquiridas por acionistas minoritários até o primeiro quadrimestre do ano que vem. (Valor)