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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Votorantim investe pesado em geração

Votorantim investe pesado em geração

Em: 08/10/2015 às 13:54h por

Em meio à retração da economia, o grupo Votorantim decidiu fazer uma investida agressiva fora de seu negócio principal. O conglomerado, que fatura quase R$ 30 bilhões por ano, graças principalmente a seus braços de metais, cimentos e celulose, aposta na sua experiência na gestão de energia, um de seus principais insumos, para crescer.
Com a indústria em queda e os preços da eletricidade cada vez mais altos, a estratégia é fortalecer a Votorantim Energia (VE). Criada em 1996 para gerir os ativos próprios de geração, a empresa passará agora a investir em projetos para abastecer terceiros.
A meta é chegar a 1 gigawatt (GW) de capacidade fora da autogeração até 2023 e atingir um resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 1 bilhão no mesmo período - hoje, o lucro operacional da VE, considerando apenas a comercialização, gira entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões.
"Os negócios do grupo Votorantim são bons, mas são cíclicos. Os acionistas viram a necessidade de ter um negócio mais constante que garantisse mais estabilidade ao fluxo de caixa", afirma Fábio Zanfelice, que assumiu a presidência da VE há quatro meses, após quase 14 anos de carreira na CPFL, dos quais os últimos dois liderando a comercializadora do grupo paulista.
O executivo veio com a missão de fazer o braço de energia olhar não apenas para dentro do grupo Votorantim, mas para todo o mercado, além de capturar as possíveis sinergias de seu parque gerador de 2,6 mil MW - todos sob o guarda-chuva das empresas industriais. "É uma reinvenção do modelo de negócio. Vamos aproveitar a expertise que temos na gestão de grandes volumes de energia", ressalta. Hoje, o consumo próprio da Votorantim soma 1,8 mil MW médios, equivalente ao consumo do Estado da Bahia.
A empreitada teve início com a entrada no setor de geração eólica, com um complexo no Piauí com potência instalada de 206 MW, que demandará R$ 1,1 bilhão em investimentos. A companhia tem ainda a opção de compra para construir mais dois complexos na região de mesmo tamanho, o que alçaria sua capacidade a cerca de 600 MW.
O radar está voltado, inicialmente, para energia eólica e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) - neste último nicho, a companhia já avalia potencial de 300 MW, espalhadas por cerca de 15 projetos, conta Zanfelice. "Esses projetos estão em fase de estudo, são preliminares. Ainda não temos outorga", acrescenta.
O investimento em energia solar também é uma possibilidade, mas apenas mais à frente. A ordem é evitar riscos, como manda a cartilha mais conservadora de investimentos do grupo Votorantim. "Queremos ver primeiro como esse mercado vai se desenvolver, não queremos assumir riscos", pondera.
A prioridade, afirma o executivo, é na construção de projetos a partir do zero. Mas, apesar disso, a VE não descarta a compra de projetos. Nessa frente, as atenções estão voltadas principalmente para compra de participações em usinas nas quais as controladas do grupo já estão presentes por meio de consórcios e podem exercer direito de preferência no caso de eventual saída de sócios. Nesse caso, sob o controle integral da Votorantim, as unidades podem ser repassadas para a VE, na forma de aumento de capital, diz Zanfelice. (Valor)