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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Acordos com a China começam a entrar em prática

Acordos com a China começam a entrar em prática

Em: 28/09/2015 às 14:49h por

No memorando, um dos acordos apontava o contrato de afretamento entre a Vale e a Cosco, armador e transportador de granéis sólidos e operador global de granéis sólidos. A mineradora brasileira e a empresa chinesa fecharam em setembro do ano passado um acordo de parceria pelo qual quatro navios grandes, com capacidade de 400 mil toneladas, que atual mente pertencem e são operados pela Vale, foram transferidos para a Cosco e afretados para a Vale em contrato de 25 anos. Em paralelo, a Vale também anunciou expansão do acordo que já tinha com a China Merchants Energy Shipping (CMES), subsidiária da China Merchants Group. O acerto ainda contempla a cooperação estratégica de longo prazo no transporte marítimo de minério de ferro.
 Como resultado, em julho, o governo chinês liberou a proibição até então vigente e anunciou a permissão para que os navios gigantes, com capacidade para 400 mil toneladas, atraquem nos portos do país, oficialmente encerrando mais de três anos de embargo que havia afetado principalmente o transporte de minério da Vale.
 Na parte de financiamento, foi anunciada a intenção de criação de linhas de investimento e de fundos para investimento em infraestrutura. Um fundo envolveria US$ 20 bilhões em recursos, sendo três terços deles aportados pela China e um terço pelo Brasil. A intenção do governo brasileiro, nas conversas com Pequim, é desvincular ao máximo os desembolsos de eventuais exigências para o fornecimento de bens e serviços chineses. Ainda se discute como mitigar o risco das oscilações cambiais. Um outro fundo de US$ 50 bilhões, que poderia contar com a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), também está em negociações preliminares para viabilizar sua formação.
 Em transportes, o principal destaque foi a assinatura do memorando para a viabilidade da Ferrovia Bioceânica, um projeto de R$ 40 bilhões que atrai o interesse do governo chinês, que busca uma rota alternativa ao Canal do Panamá. A obra, que no lado brasileiro teria cerca de 3,5 mil quilômetros em trilhos, envolveria a interligação do Brasil com o Peru, com financiamento chinês. O projeto foi anunciado na visita do governo chinês ao Brasil e deverá ter uma parte dos estudos entregue em maio de 2016. “Vejo esse projeto com ceticismo, ele envolve muitos quilômetros de trilhos percorrendo diversos biomas, a questão ambiental é complexa e em alguns trechos até o Peru envolve construções em altas altitudes”, diz o ex-ministro da Fazenda e diretor da Faculdade de Economia da FAAP, Rubens Ricupero.
 Outro foco de empresas chinesas é o setor portuário. O governo federal está trabalhando na licitação de 50 terminais, com investimentos de quase R$ 12 bilhões. A primeira etapa englobará terminais em Santos e no Pará, que podem ser licitados ainda este ano. A ideia é que a licitação seja feita pela cobrança de outorga onerosa. “Empresas chinesas estão estudando o setor, querendo ver como ele funciona e avaliando as oportunidades de portos ligados ao agronegócio, eles querem o controle da logística”, diz um advogado de um dos cinco maiores escritórios do país, que está representando um grupo de empresários chineses. Ainda há muito espaço para crescer.
 Para Alexandre Szklo, professor de planejamento energético da Coppe da UFRJ, a China, que é o maior importador de petróleo do mundo e responde por cerca de 15% do consumo mundial, deve ser um dos principais destinos do petróleo no pré-sal. As matrizes dos países emergentes ainda são dependentes do combustível fóssil. Na China, consome-se muito carvão para gerar energia, usando-se muito ferrovias, que usam muito diesel, enquanto o minério de ferro segue em navios, que consomem muito combustível. ” O país ainda tem demanda grande de petroquímicos, por conta da construção civil e bens de consumo”, diz. (Valor)