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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Plano decenal de energia considera base menor de consumo, afirma EPE

Plano decenal de energia considera base menor de consumo, afirma EPE

Em: 17/09/2015 às 14:07h por

O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2024, divulgado nesta  quarta-feira, 16, pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), já  considera um cenário distinto de consumo de energia no Brasil, reflexo  da retração da demanda deste ano. Ao contrário da previsão inicial de  aumento do consumo, o governo agora sinaliza uma queda de 1,6% em  relação a 2014. O número, contudo, foi atualizado em agosto e pode  sofrer novas revisões em função da debilidade da atividade econômica  desde então.
"O plano para a área de energia elétrica tem um  efeito base. Mesmo que a demanda se recupere depois, ela ainda crescerá  sobre uma base menor", afirma o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.  "Em 2016, se chover, haverá desligamento de térmicas e o preço (da  energia) pode cair. Então precisaremos ver o comportamento desse  consumidor", diz.
Entre o PDE 2023 divulgado em setembro do ano  passado e o PDE 2024, apresentado hoje, houve uma importante revisão nas  projeções da economia brasileira, com sinalização de retração do  Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e 2016. Em função da desaceleração  da atividade econômica, o consumo de energia vai encolher neste ano e  deve apresentar leve alta no próximo ano, segundo o presidente da EPE.
O  PDE 2024 prevê que a capacidade instalada de geração de energia  elétrica no Brasil será ampliada em 73 mil megawatts (MW), ou 73 GW. A  projeção sugere que o parque gerador brasileiro saltará do patamar de  132,9 GW em 2014 para 206,4 GW em 2024, um aumento de 55,3%. No PDE  anterior, a EPE projetava um parque gerador com 195,9 GW em 2023.
A  ampliação do parque gerador, dessa vez, terá peso maior advindo das  chamadas novas fontes renováveis. A capacidade dos complexos eólicos  saltará de 5 GW para 23,9 GW, e com isso a participação da fonte na  capacidade instalada nacional passará de 3,7% para 11,5%. No caso das  fontes solar, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), de  forma combinada, o número irá variar de 16,2 GW para 32,6 GW. A  participação do mercado, dessa forma, subiria de 11,4% para 15,8%.
Confirmada  a ampliação da potência conjugada de 21,2 GW para 56,5 GW - aumento de  35,3 GW ou 166% -, o aumento seria superior ao previsto entre as fontes  hidráulicas. No caso das usinas hidrelétricas, a projeção da EPE sugere  que a capacidade instalada saltará de 89,3 GW para 117 GW, uma variação  de 27,2 GW ou 31%. Como resultado, a participação das fontes hidráulicas  no parque gerador nacional deve cair do patamar de 67,6% em 2014 para  56,7% em 2024.
A participação das fontes não renováveis também  deve cair no decorrer da próxima década, ao oscilar de 16,3% para 16% do  total. A retração é explicada porque a capacidade instalada de usinas  como térmicas a gás e carvão passará de 21,6 GW para 33 GW, um aumento  de 11,4 GW ou de 52%.
Expansão
As estimativas apresentadas  pela EPE no PDE 2024 levam em consideração o êxito na licitação de  projetos considerados complexos, caso da hidrelétrica de São Luiz do  Tapajós. O empreendimento, contudo, ainda enfrenta problemas de  licenciamento ambiental e por isso o leilão da usina não ocorrerá neste  ano. Hoje, Tolmasquim afirmou pela primeira vez que a hidrelétrica  deverá ser leiloada apenas em 2016.
Também no próximo ano devem  ser leiloadas usinas a serem construídas no curso do Rio Piqueri. Esses  projetos também dependem de licenciamento ambiental.
Outros dois  entraves à licitação de tais empreendimentos são as condições de  captação de recursos e a situação das grandes construtoras do País,  envolvidas no escândalo da Lava Jato. "Acreditamos que não haverá  problema em relação ao investidor, mas temos que ver a situação das  construtoras", afirma Tolmasquim. (Agência Estado)