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Expansão renovável revela crescente disparidade regional

Em: 11/07/2025 às 08:44h por Canal Energia

África, Eurásia, América Central e Caribe responderam por apenas 2,8% do acréscimo total de capacidade de fontes limpas, enquanto mercado asiático aparece com mais de 70% segundo relatório da Irena

 


Apesar da capacidade de energia renovável ter subido mais de 15% em todo mundo em 2024, a disparidade de crescimento entre as regiões aumentou consideravelmente. Os dados divulgados pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) nessa quinta-feira, 10 de julho, mostram que a Ásia tem mantido sua posição de liderança, respondendo por 71% dos incrementos no ano passado. Depois aparecem Europa e América do Norte, com 12,3% e 7,8% respectivamente no levantamento.


Assim, a configuração global para as fontes ambientalmente mais amigáveis revela uma lacuna para a África, Eurásia, América Central e o Caribe, que juntos responderam por apenas 2,8% do acréscimo total de capacidade de energias renováveis. Apesar de suas enormes oportunidades econômicas e de desenvolvimento, o continente africano só aumentou sua potência renovável em 7,2%.


O diretor-geral da Irena, Francesco La Camera, disse que apesar da expansão renovável estar transformando os mercados globais de energia, impulsionando as economias e criando grandes oportunidades de investimento, a crescente divisão regional destaca que nem todos estão se beneficiando igualmente dessa transição.


Para ele, é fundamental eliminar a divisão e fechar o gap de aportes entre países e regiões, o que requer políticas direcionadas, financiamento internacional e parcerias que liberem capital e tecnologia onde são mais necessários. “Ao alinhar os fluxos de investimento com as estruturas de políticas, podemos garantir que a transição verde se torne um poderoso mecanismo de resiliência e crescimento econômico sustentável em todo o mundo”, salienta.


Ritmo precisa acelerar

As estatísticas mais recentes da entidade incluem algumas pequenas revisões na geração renovável histórica e de 2024, relatadas em março de 2025. A capacidade total no ano ficou em 4.443 GW. Essa redução ocorreu devido a revisões para baixo para usinas hidrelétricas e eólicas, parcialmente compensadas por revisões para cima para usinas solares e de bioenergia.


Os números revisados mostram que, ao final de 2024, as tecnologias limpas representavam 4,4 TW, ou 46,2% dos 9,6 TW da capacidade total global. O restante equivale a 5,2 TW (53,8%) de outras energias, compreendendo 4,5 TW (47,3%) de combustíveis fósseis; 400 GW (4,2%) de nuclear; 150 GW (1,6%) de armazenamento bombeado; e 68 GW (0,7%) de outros recursos não renováveis.


Como agência guardiã para acompanhar a meta global de triplicar a capacidade renovável instalada até 2030, a Irena afirma seguir comprometida em analisar o progresso e identificar lacunas em relação à meta anualmente. Embora os 582 GW adicionados em 2024 tenha representado um aumento anual recorde, ainda estão aquém do ritmo necessário para atingir a meta global de triplicação de 11,2 TW até 2030.


Meta global de triplicar capacidade renovável instalada até 2030 exigirá uma taxa anual de 16,6% para atingir objetivo de 11,2 TW (Irena)


Se a mesma taxa de crescimento anual continuar, o mundo chegará a apenas 10,3 TW em fontes limpas, perdendo a meta em 0,9 TW. Para atingir o objetivo, a análise da agência aponta que seria necessária uma expansão mais rápida, a uma taxa anual de 16,6% em menos do que os cinco anos restantes.


Eólica e solar

A tendência envolvendo potência instalada também revela a predominância dos painéis fotovoltaicos e aerogeradores. Ambos foram responsáveis, em conjunto, por 97,5% de todas as adições líquidas de renováveis em 2024. A solar cresceu em 453 GW. E a eólica vem logo atrás, com 114 GW adicionais.


Com essas tecnologias agora se aproximando dos combustíveis fósseis em termos de participação (46,2% de energias renováveis vs. 47,3% de combustíveis fósseis), o argumento de que esses recursos constituem um investimento inteligente, que cria empregos e impulsiona o crescimento sustentável, se tornou mais forte.


Em 2024, os painéis fotovoltaicos apresentaram a maior capacidade, com 42% ou 1.866 GW, seguidos por 28,7% hidroelétricos (1.277 GW), 25,5% eólicos (1.133 GW), 3,4% em bioenergia (151 GW) e 0,3% para geotérmica (15 GW), com uma pequena parcela de energia marinha. A participação das fontes intermitentes aumentou para 67,5%.


O relatório também mostra o crescimento contínuo da eletricidade renovável, numa taxa de 5,6% em 2023 em comparação com 2022, atingindo 8.928 TWh. Enquanto isso, a energia fóssil subiu apenas 1,2% em 2023 na relação anual. Assim, as fontes ambientalmente mais amigáveis foram responsáveis por quase 30% da geração global de eletricidade até 2023.