Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
A CEO da Clean Energy Latin America (CELA), Camila Ramos, projeta um crescimento expressivo nos investimentos em inteligência artificial na América Latina. Segundo ela, o setor de data centers continuará crescendo a taxas de dois dígitos nos próximos anos. “Se a IA realmente se concretizar como esperamos, estaremos falando de um investimento quatro vezes maior nos próximos anos na América Latina”, disse.
Em conversa com o Canal Energia durante o Latam Finance Forum 2025, realizado na quintafeira, 03 de julho, em São Paulo, Camila destacou dois pontos essenciais para viabilizar esse crescimento. “Primeiro, precisamos de um marco regulatório legal para a soberania de dados para IA. Se empresas de tecnologia não puderem ter propriedade dos dados no Brasil, não virão para cá”, explicou.
Entretanto, o segundo fator determinante é o custo dos equipamentos. “E é isso que está sendo discutido dentro da Redata aqui no Brasil. Para trazer as GPUs que operam a IA, enfrentamos taxas de importação altíssimas. No Brasil, esses componentes custam praticamente o dobro do que em outros países. Mas se tivermos uma regulamentação e um arcabouço legal para soberania de dados para IA, então o Brasil tem grandes chances de ser um hub global para IA”, ressaltou Camila.
Contudo, mesmo sem as condições ideais, o setor continuará apresentando crescimento relevante para nuvem e hiperescala. Segundo Camila, um dado surpreendente revelado durante o evento foi sobre o crescimento esperado para inferência, que exige proximidade com o consumidor devido à latência. Este segmento deve crescer além das expectativas iniciais, potencialmente superando o crescimento da própria nuvem, representando uma novidade significativa para o setor.
Recentemente, a CELA mapeou que os data centers já contrataram mais de 330 MW nos últimos três anos, número que continua crescendo. “Só em 2024, entre janeiro e dezembro, registramos 203 MW contratados”, revelou a especialista.
Além disso, Camila mencionou ao Canal Energia ainda o impacto da MP 1300 no setor. “Estamos vivendo uma corrida de 50 metros para garantir direitos adquiridos antes da implementação da medida, especialmente quanto à contribuição de capital para autoprodução”, comentou.
Entre os fatores que atraem investimentos em data centers para o Brasil, Camila destacou o mercado consumidor relevante, o crescimento da demanda por nuvem no setor corporativo e a disponibilidade de energia renovável competitiva. “Trinta por cento do conteúdo consumido hoje no Brasil é gerado localmente, o que cria uma demanda natural para o mercado de data centers”, explicou Ramos.
Para os próximos meses, a especialista prevê um trabalho intenso em Brasília pela definição do marco legal e incentivos ao setor. “Podemos perder mais uma grande oportunidade se não agirmos rapidamente”, alertou Camila Ramos.
O Sindenergia é uma importante voz para as empresas do setor de energia em Mato Grosso, promovendo o diálogo entre as empresas, o governo e a sociedade, com o objetivo de contribuir para o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental