Conclusão faz parte do relatório do GT - criado pelo MME - que busca soluções para mitigar os impactos dos cortes na geração
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) acaba de divulgar um relatório técnico que analisa o aumento dos cortes de geração de energia no Brasil, fenômeno conhecido como curtailment.
O estudo integra as ações do GT (Grupo de Trabalho) do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), do qual o Operador faz parte, com o objetivo de buscar soluções para mitigar os impactos causados pelos cortes na geração de fontes renováveis.
Uma das principais conclusões do documento envolve projeções para os próximos anos, com foco no período de 2026 a 2029. A análise indica que o curtailment por razões energéticas tende a se tornar ainda mais predominante.
“O impacto desse fenômeno será mais severo no período diurno (09h às 15h59), quando a geração solar é elevada e a carga líquida do sistema é reduzida. Os cortes por razões de confiabilidade, por outro lado, tendem a diminuir devido à expansão da rede de transmissão, embora restrições locais possam subestimar esse efeito”, informa o relatório.
O documento destaca ainda que a entrada em operação de todas as usinas com CUST (Contrato de Uso do Sistema de Transmissão) pode elevar o curtailment médio para 10% nas fontes eólicas e acima de 20% nas fotovoltaicas, evidenciando “a necessidade de novas estratégias de gestão e maior flexibilidade do sistema”.
Outro ponto abordado é o impacto potencial da GD (geração distribuída) nesse cenário. Segundo o ONS, em um cenário hipotético em que a GD participe de um rateio comercial dos cortes energéticos realizados (de forma proporcional à contribuição de cada fonte em cada hora) o impacto financeiro para as fontes solares e eólicas centralizadas poderia ser reduzido em mais de 50%.
Atualmente, os sistemas de micro e minigeração distribuída não estão integrados aos mecanismos de controle do ONS, o que – segundo o Operador – gera um desequilíbrio na aplicação do curtailment e sobrecarrega as usinas centralizadas.
“A ausência de requisitos técnicos específicos para conexão e operação desses recursos agrava esse cenário, dificultando a gestão eficiente do sistema”, pontuou o relatório divulgado.
Modernização é essencial
O estudo ressalta que a modernização regulatória será essencial para garantir que os REDs (Recursos Energéticos Distribuídos) contribuam para a estabilidade do SIN (Sistema Interligado Nacional), permitindo o controle operacional e a participação desses agentes em eventuais cortes proporcionais.
“O avanço desse processo passa pela definição de novos papéis para as distribuidoras, que devem evoluir para operadores dos sistemas de distribuição, além da adoção de mecanismos tarifários que reflitam os custos e benefícios da geração distribuída”, informou o estudo.
Por fim, o ONS informa que tem atuado em parceria com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e outros stakeholders para aprimorar a regulação. “No entanto, para que a operação do SIN continue eficiente e segura, é necessário um esforço conjunto para adaptar as normas técnicas, regulamentações e processos operativos, promovendo um modelo mais dinâmico e sustentável para o setor elétrico”, conclui o relatório.