Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
Desde o início das discussões sobre transição energética, a produção de biogás sempre foi uma alternativa competitiva para a geração de energia limpa. Em Mato Grosso, a modalidade é muito comum entre os suinocultores, que aproveitam o esterco de porco como matéria-prima. Isso torna a produção de energia sustentável no agro uma realidade, visto que associa a diminuição de custos à redução das emissões de carbono.
A prática de geração de energia a partir do biogás suíno é comum entre as propriedades mato-grossenses. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o estado possui 24 usinas de biogás oriundas da suinocultura, que somam 11 mil quilowatts de potência instalada.
Essas usinas estão localizadas em municípios como Sorriso (a 397 km de Cuiabá), Lucas do Rio Verde (a 334 km de Cuiabá), Campo Verde (a 136 km de Cuiabá) e Tapurah (a 430 km de Cuiabá).
Para a Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), a instalação das usinas representa um ganho inevitável para o meio ambiente, sendo ainda mais atrativa para o produtor. Custodio Rodrigues, diretor executivo da Acrismat: destinação ao material das granjas
“A suinocultura, assim como outras atividades, também gera uma grande quantidade de dejetos, ou seja, fezes, urina, restos de placenta e material genético, que iriam para algum destino. Em uma granja com mil matrizes, o volume é enorme. Então, o produtor dá uma destinação para tudo isso, o que reduz custos e contribui com as práticas de sustentabilidade que vivenciamos no setor”, explicou Custodio Rodrigues, diretor executivo da Acrismat.
Uma estrutura básica para a implementação de uma usina inclui os biodigestores – grandes tanques vedados com lonas para manter o gás no local – e os motores para a produção de energia. Dependendo do tamanho da propriedade, o retorno do investimento pode levar de dois a sete anos.
O processo de geração de energia é simples. Primeiramente, é feita a coleta da biomassa (esterco), que é colocada no biodigestor para a digestão anaeróbica. Nessa etapa, várias bactérias decompõem a matéria orgânica, liberando gases. Em seguida, o volume de gás é direcionado para uma usina e, por meio dos motores, é transformado em energia elétrica – veja o infográfico abaixo.
O grande atrativo dessas usinas para os produtores é a possibilidade de redução de custos, já que o volume produzido abastece a própria fazenda. A Fazenda Seis Amigos, em Tapurah, já contava com biodigestores para o controle de dejetos quando decidiu instalar a geração de energia.
Segundo Evandro Martimiano, sócio e diretor de operações da propriedade, a escolha pela geração de energia surgiu como consequência, mas já se consolidou como uma parte importante da fazenda.
“A gente buscou uma alternativa para mitigar esses custos por meio da autossuficiência na geração de energia. Por isso, usamos os resíduos da nossa própria produção, que são aproveitados como recurso”, explicou.
Atualmente, a Fazenda Seis Amigos possui 14 mil hectares de área, dedicados à suinocultura, bovinocultura, cultivo de feno e geração de energia – tanto pelo biogás quanto por uma usina fotovoltaica. A suinocultura é um dos eixos mais significativos, pois a empresa administra três granjas de porcos, com um plantel de mais de 13.500 matrizes, realizando também a recria de leitões para abate.
Devido ao grande número de dejetos, a fazenda possui 18 biodigestores, com produção total de 330 mil quilowatts por mês. Esse valor é suficiente para abastecer as três granjas, com excedente de energia para os demais setores.
Mesmo antes da instalação dos motores, a Fazenda Seis Amigos já se preocupava em aliar o ganho financeiro à sustentabilidade.
“O uso do gás no motor de energia, sem que ele vá para a atmosfera, é um cuidado com o meio ambiente. Assim, aproveitamos os dejetos, realizamos o descarte adequado do lixo – que é separado nas granjas – e temos uma coleta de resíduos. Temos uma série de práticas para estarmos ambientalmente corretos”, concluiu Evandro.
O Sindenergia é uma importante voz para as empresas do setor de energia em Mato Grosso, promovendo o diálogo entre as empresas, o governo e a sociedade, com o objetivo de contribuir para o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental