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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Trinity e Evolua querem levar experiência da geração distribuída para o mercado livre

Em: 25/07/2024 às 09:14h por EPBR - jornalismo e política energética

Joint venture tem meta de conseguir 10 mil clientes de pequeno e médio porte em quatro anos

 

A comercializadora Trinity Energias Renováveis fechou um acordo com a Evolua Energia para a criação de uma joint venture para atuar no varejo do mercado livre de energia elétrica. O objetivo da parceria é levar para o ambiente de contratação livre a experiência no contato com o cliente final de menor porte que a Evolua desenvolveu ao atuar na geração distribuída compartilhada.

As empresas esperam atingir 10 mil clientes em quatro anos, com foco sobretudo em pequenas e médias empresas que consomem de 30 a 50 quilowatts por mês.

A expectativa é aproveitar a abertura do mercado livre de energia. Ao entrar no ambiente de contratação livre, o cliente deixa de consumir a energia elétrica que é fornecida pela distribuidora local e passa a escolher o supridor, em uma negociação direta com a comercializadora ou com uma empresa de geração.

No Brasil, essa escolha ficou disponível a partir de janeiro de 2024 a todos os clientes de média e alta tensão, depois de anos de uma abertura gradual aos maiores consumidores.

A chegada desses clientes com perfil de consumo menor ao mercado motivou a parceria entre a Evolua e a Trinity.

Segundo o CEO da Evolua, Tarcísio Neves, a ideia é aproveitar a experiência da empresa no mercado de geração distribuída para simplificar e automatizar processos, além de ter uma abordagem mais próxima e personalizada com os consumidores.

“Esse segmento requer velocidade de atuação. Faz diferença apresentar o produto de uma forma bastante simplificada de fácil entendimento, automatizada. Foi nisso que a gente se especializou”, diz

“A gente conseguiu construir algo que torna essa experiência do cliente na contratação muito fácil”, acrescenta.

Na geração distribuída compartilhada, os clientes que não têm disponibilidade de espaço para instalar módulos fotovoltaicos pagam uma assinatura e usufruem dos créditos gerados em uma usina instalada na mesma área de concessão da distribuidora em que estão localizados.

Essa opção está disponível a todos os consumidores, sem necessidade de volume mínimo de consumo. Por isso, tende a atrair clientes com uma demanda menor.

A Evolua tem 100 megawatts (MW) de usinas solares em operação e pretende dobrar o portfólio até o final de 2025, com projetos em oito estados no Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.

Já a Trinity atua na geração e comercialização de energia no mercado livre, com um volume de transações equivalente a mais de 1,5 bilhão de quilowatts-hora (kWh) por mês.

A ideia é combinar a experiência da Evolua nas negociações com os clientes e o conhecimento da Trinity no mercado livre.

O CEO da Trinity, João Sanches, lembra que o pós-venda no ambiente de contratação livre e na geração distribuída são diferentes, já que o cliente do mercado livre demanda uma atuação mais próxima.

“Tem ali uma inteligência para fazer a compra da energia que vai ser fornecida para o cliente, administração de portfólio, análise de risco”, explica.

Segundo Sanches, há tendência de uma consolidação nesse mercado com a chegada de novas empresas interessadas em participar do comércio varejista de energia.

“Como é um novo mercado, tem muitos novos entrantes de grande escala e pequenas empresas já que atuam no setor, então a tendência é que o mercado vá se consolidando. Isso já começou a acontecer”, afirma.

Os executivos afirmam que a parceria também já é uma preparação de longo prazo para a eventual abertura do mercado livre aos consumidores de baixa tensão, incluindo os clientes residenciais.

O governo está discutindo as regras para essa abertura, que deve ocorrer apenas na próxima década.

“Nós vamos caminhar para encarar desafios mais complexos num futuro próximo”, diz o CEO da Evolua.

Ele ressalta que é importante que esse processo seja embasado em discussões técnicas e harmônicas para garantir previsibilidade e racionalidade para o setor elétrico.

“A gente tem uma preocupação muito grande de que o setor como um todo retome um eixo técnico, um eixo de discussões equilibradas, para que a gente trate adequadamente a alocação das políticas públicas, a alocação dos subsídios de forma adequada para gerar o melhor resultado para a sociedade”, diz.

“Hoje a gente vê muito ruído, isso traz uma certa imprevisibilidade para quem atua no setor”, acrescenta.