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Petrobras avalia biometano e compras na Bolívia e Argentina para ampliar oferta de gás no Brasil

Em: 16/04/2024 às 08:35h por EPBR - jornalismo e política energética

Biometano é importante para agenda de descarbonização, afirma Álvaro Tupiassu

 

Petrobras avalia como futuras possibilidades para ampliar a oferta de gás no Brasil a expansão do biometano, assim como a importação da Bolívia e da Argentina, disse o gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu, em painel durante a gas week 2024, realizada pela agência epbr, na manhã desta segunda-feira (15/4). Assista a íntegra da entrevista.

“Estamos olhando para outras oportunidades também de futuros negócios, compras de gás, se for o caso, [na] Bolívia a Argentina, e outras oportunidades como o biometano, que é importante para essa agenda de descarbonização do Brasil”, afirmou o executivo.

A Petrobras tem US$ 3 bilhões em investimentos previstos no plano de negócios para o segmento de gás natural e energia até 2028, além de uma carteira de projetos em avaliação na área de US$ 6 bilhões.

Executivos da companhia têm afirmado que a empresa já está buscando eventuais oportunidades de compra de biometano no mercado, mas que ainda não encontraram um preço competitivo.

Os fornecedores de gás natural no Brasil têm criticado as discussões sobre a inclusão no projeto de lei do Combustível do Futuro de um mandato para o biometano. A proposta prevê que produtores e importadores de gás natural vão precisar comprovar a compra de volumes do gás renovável para atingir metas de descarbonização.

“A gente é muito a favor do biometano no Brasil. Existem oportunidades claras e projetos que já estão em operação nesse momento, inclusive. O que eu vejo com alguma ressalva é essa imposição do mandato obrigando o produtor ou o importador de gás a comprar biometano como forma a viabilizar essa indústria”, disse a vice-presidente da Equinor Brasil, Cláudia Brun, durante o painel.

A executiva defendeu que as empresas precisam ter liberdade para buscar as alternativas mais atraentes e comercialmente viáveis para a descarbonização das operações.

“Sem dúvida, é um energético que vai ter um papel fundamental na descarbonização, mas criar uma série de ‘band-aids’ ou ‘frankensteins’ na legislação, privilegiando ou colocando um benefício específico para determinados setores quando tem aí uma agenda verde legislativa relevante que o governo vem tentando emplacar, desde o mercado regulado de carbono, a legislação de captura de carbono de hidrogênio de offshore wind e o combustível do futuro… Todas elas visam a descarbonização”, acrescentou

Brun lembrou que os produtores assumem diversos riscos ao longo da cadeia de gás. Por isso, afirmou, políticas públicas que penalizam os operadores podem afetar a previsibilidade que facilitou a aprovação de projetos no país nos últimos anos e a atratividade do Brasil para investimentos em nova oferta de gás.

O gerente de comercialização de gás natural da Repsol Sinopec Brasil, Andrés Sannazzaro, lembrou que o nível de risco do produtor de gás é diferente dos distribuidores e transportadores, que são negócios regulados. Segundo ele, menos de 14% do preço final do gás natural no Brasil corresponde ao custo da molécula em si.

“Colocar toda essa carga em quem recebe esses 14%, depois de feito todos esses investimentos – que, aliás, não são pequenos – e que tem uma grande disposição ao risco: às vezes isso coloca na cabeça de quem tem que tomar a decisão muito mais dúvidas do que certezas”

“A transição energética é um assunto tão complexo, que não pode ser abordado só com uma solução, tem que ser abordado com todas as soluções possíveis e com uma combinação delas”, acrescentou.