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Na falta de gás russo, Alemanha recorre a energia suja

Em: 22/06/2022 às 09:19h por Terra.com.br

Para produção de eletricidade, Berlim traz de volta à cena dois inimigos do clima: carvão betuminoso e linhito

22 jun202209h10

 
Foto: Climatempo

Berlim pretende reduzir rapidamente a dependência energética em relação a Moscou. Para tal, o gás não será mais empregado na produção de eletricidade. Voltam à cena dois inimigos do clima: carvão betuminoso e linhito

A situação do abastecimento de gás na Alemanha é "uma espécie de queda-de-braço" em que de início quem possui o braço mais longo é o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, definiu o ministro alemão da Economia, Robert Habeck, ressalvando: "Mas isso não significa que, com esforço, não possamos ter o braço mais forte."

Como há muito se temia, flui consideravelmente menos gás da Rússia para a Alemanha, e os citados esforços estão sendo rapidamente implementados. A meta principal é continuar enchendo os reservatórios antes da chegada da estação fria. No momento, a marca é de 57%; até 1º de outubro se espera chegar a 80%; e até início de novembro, 90%. Para continuar abastecendo os reservatórios, apesar do pouco afluxo de gás, o consumo precisa ser reduzido.

Mais energia do linhito e hulha

Cerca de 16% da eletricidade da Alemanha ainda é produzida em usinas movidas a gás. Isso pode mudar em breve: embora as fontes renováveis, que fornecem 42% da energia, não possam ser expandidas rapidamente, seria possível incrementar a produção em usinas a linhito ou a carvão betuminoso. No momento, 151 instalações ainda estão ativas para fins de abastecimento de energia no país.

Isso, no entanto, não significa renunciar aos planos de Berlim, definidos apenas dois anos atrás, de encerrar as usinas a carvão até 2038. Atualmente se cogita até abandonar o combustível fóssil ainda mais cedo, em 2030. Mesmo que por um breve período se queime mais carvão mineral, Habeck pretende manter ambas as metas.

De início, porém, só serão utilizadas usinas disponíveis em caráter restrito, seja por estarem prestes a ser desativadas, seja por integrarem uma reserva. O governo pretende, por exemplo, que só passem a produzir energia as "reservas de rede" - usinas mantidas basicamente para situações de emergência, e não integradas ao mercado energético regular.

Também poderá ser ativada a última reserva de energia do país, a "suplência de segurança". Esta inclui as usinas a linhito que, até sua desativação definitiva, servem como última salvaguarda para o abastecimento elétrico. Devido a seu baixo poder calorífico, o linhito é considerado bem mais nocivo ao clima do que o carvão betuminoso ou hulha.

Energia suja provisória, "não" a usinas nucleares

As usinas a linhito da reserva alemã podem ser reativadas em prazo relativamente breve, anunciou nesta segunda-feira (20/06), na TV, a diretora-gerente da Confederação Alemã do Setor de Energia e Água (BDEW), Kerstin Andreae. O mesmo é possível com as usinas a carvão betuminoso, mas para tal o combustível precisaria ser importado.