Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Governo aciona todas as usinas térmicas para evitar racionamento de energia

Em: 07/05/2021 às 09:11h por Poder 360

Conta de luz deve ficar mais cara

Reservatórios podem chegar a 15%

Projeção da ONS é para novembro

 Represa Jaguari, que pertence ao sistema Cantareira, em São Paulo. Foto tirada antes da crise hídrica que afetou o Estado em 2015Reprodução/flickr/ciasabesp - 12.fev.2014

 
06.maio.2021 (quinta-feira) - 13h29
atualizado: 06.maio.2021 (quinta-feira) - 14h43

O Brasil registrou em abril e também de setembro ao mês passado –período que concentra mais chuvas– a pior afluência sobre o SIN (Sistema Interligado Nacional) de energia elétrica desde 1931.

Com isso, os reservatórios das hidrelétricas estão entrando na estação seca em níveis muito baixos. O sistema do Sudeste e do Centro-Oeste, o maior do Brasil, está no pior nível desde 2015.

Em entrevista ao Poder360, o ministro Bento Albuquerque se disse preocupado com a falta de chuva no Brasil e o baixo nível dos reservatórios.

Se nada for feito, os reservatórios devem chegar a 14,9% da capacidade em novembro, segundo projeção consolidada pelo Poder360 pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Seria o pior nível dos reservatórios em 91 anos.

Nesse contexto, o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) avaliou na 4ª feira (5.mai.2021) que será necessário acionar todas as usinas termelétricas que estiverem em condições de operar. A ação tem o objetivo de preservar o volume de água dos reservatórios e evitar apagões no fim de 2021. Além disso, o Brasil importa energia da Argentina e do Uruguai desde outubro para mitigar o risco de colapso.

“Isso tem nos preocupado bastante desde outubro e o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico existe pra isso. Desde o ano passado nós decidimos despachar as nossas usinas termelétricas fora do padrão normal, justamente para preservar os nossos reservatórios e aquilo que nós ainda temos de agua neles”, disse o ministro do Poder360.

MINISTRO CULPA DILMA

O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) responsabiliza uma medida do governo Dilma (MP 579/2012) pela situação.O almirante afirmou que a legislação atual –proposta pelo governo federal em 2012– não considera gastos além do operacional para geração de energia elétrica.

[A medida provisória] não envolvia manutenção e não considerava a falta de água. Determinava que, considerando a sua capacidade instalada, [a usina] teria de produzir um valor determinado no período de um ano. O que aconteceu? Não tinha água, mas aí a usina gerava tudo o que podia. O reservatório foi para baixo sem nenhum critério de segurança energética”, afirmou.

 

 

Embora admita que a situação seja grave, o ministro não trabalha com a possibilidade de apagão. “Partimos do princípio de que não vai acontecer e temos de tomar todas as medidas para manter a segurança do abastecimento”, completou.

IMPACTO DA CONTA DE LUZ

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) definiu na última 6ª feira (30.abr) que a bandeira tarifária vermelha 1 seria adotada para as contas de luz em maio. A mudança soma R$4,16 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.

Para José Sabino Martinez dos Santos, assessor da diretoria da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), considerando os níveis dos reservatórios e a tendência de alta no consumo de energia, a expectativa é que o patamar 2 seja acionado já no mês de junho.

“A previsão que se tem é que, embora a gente tenha diversos sinais de problemas na economia, haja uma pequena recuperação. Na medida em que forem reduzindo as restrições [por causa da pandemia], a tendência é que se tenha um aumento de consumo principalmente nas áreas comerciais e industriais”, pontua.

Ele pondera, porém, que –como a decisão é tomada pela Aneel apenas no fim do mês– podem haver mudanças.

A bandeira vermelha 2 é a mais cara do sistema de acréscimo nas contas conforme a dificuldade de geração de energia. Nela, há acréscimo de R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

 

Para se ter uma ideia, um apartamento que consome 45 kWh em Brasília, no Distrito Federal, paga R$ 33,66 de conta de luz, quando a bandeira tarifária está verde e nenhum valor é somado por conta das condições para geração. Na bandeira vermelha 1, o valor vai a R$ 35,54 (alta de 6,9%). Na vermelha 2, sobe a R$ 36,47 (9,7%). Consequentemente, deve haver impacto sobre a inflação.

Ao Poder360, a Aneel afirmou não fazer previsões sobre acionamentos futuros. Ponderou, porém, que outros encargos sobre a conta podem ser afetados. “A situação hídrica afeta também a previsão do Risco Hidrológico, se a situação piora, a previsão do custo aumenta”, informou.


ATUALIZAÇÃO: esta reportagem foi atualizada para inclusão do 2º infográfico