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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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EPE vai estudar novos projetos de transmissão de energia ligando Nordeste e Sudeste

Em: 31/03/2021 às 10:11h por Valor Econômico

Segundo Thiago Barral, a capacidade de troca de energia entre as duas regiões deve mais do que dobrar até 2023


A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) vai estudar novos projetos de transmissão de energia ligando as Regiões Nordeste e Sudeste que podem ser leiloados em 2022, afirmou o presidente do órgão, Thiago Barral.

Segundo Barral, a capacidade de troca de energia entre as duas regiões deve mais do que dobrar até 2023, saindo dos atuais 6 gigawatts (GW) para mais de 12 GW em dois anos.

O presidente do órgão afirmou também que a EPE está conduzindo estudos sobre o apagão que ocorreu no Amapá ao final de 2020 para embasar as discussões sobre o planejamento da expansão da transmissão de energia nacional.

“Precisamos de equilíbrio, cada região é diferente, não podemos generalizar o endurecimento dos critérios de forma indiscriminada porque isso geraria custos bilionário e não necessariamente teria reflexos em segurança”, disse.

Impacto da pandemia


Para Barral, a pandemia de covid-19 vai gerar não somente impactos conjunturais no consumo de energia, mas também mudanças estruturais. De acordo com ele, ainda é difícil incorporar as consequências de longo prazo da crise atual no planejamento do setor.

Segundo Barral, o consumo de energia no setor residencial não teve grandes reduções no último ano. Por outro lado, o setor comercial sentiu fortemente os impactos da crise, com a demanda em fevereiro deste ano 7% menor do que no mesmo mês em 2020.

Apesar do recrudescimento da pandemia no começo deste ano, Barral acredita que não vai ser necessária uma nova revisão extraordinária da carga, como ocorreu em 2020, pois as projeções do órgão para o setor já levavam em consideração uma segunda onda da covid-19.

 


Pressões por fontes de água


As pressões pelos usos das fontes de água vão ser um desafio para o planejamento da operação e da expansão do setor elétrico nos próximos anos, segundo Barral. Isso ocorre devido à alta participação da fonte hidrelétrica na matriz nacional.


“Estamos passando por um período hidrológico que não é fácil e isso tem gerado pressões pelos usos, para o turismo, irrigação, navegação, por exemplo. Um debate muito importante a ser efeito é saber qual é a água com a qual podemos contar de fato [para geração hidrelétrica]”, comentou.


Ele lembrou que a expansão de outras fontes de energia, assim como o descomissionamento de usinas térmicas, vai depender da disponibilidade de água para geração elétrica.
“O Brasil tem uma matriz diferenciada e a inserção de novas tecnologias [de geração de energia] deve acontecer tirando proveito da experiência e do conhecimento tecnológico do país e também dos desafios e oportunidades que temos como mercado de energia”, afirmou.



Barral acrescentou, no entanto, que o país ainda tem potencial para agregar cerca de 10 gigawatts (GW) de capacidade instalada em geração hidrelétrica somente com a modernização dos projetos existentes.

“Modernizar o parque hidrelétrico tem que estar no radar. Embora não haja previsão de tanta expansão por novos empreendimentos, é fundamental cuidar do que já temos”, disse.