Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Norte Energia fala em paralisação de Belo Monte

Em: 02/02/2021 às 08:15h por Canal Energia

Em ofício ao Ibama, empresa alega uma série de impactos com o aumento da vazão da usina em fevereiro

 



Um ofício enviado pela Norte Energia ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis afirma que a hidrelétrica de Belo Monte corre o risco de parada total com o atendimento à vazão de 10.900m³/s determinado pelo órgão para o período de 1º a 7 de fevereiro.

No documento datado da última sexta-feira, 29 de janeiro, o diretor-presidente da empresa, Paulo Roberto Pinto, fala em redução brusca na geração do sítio Pimental devido à diminuição da queda líquida na casa de força e descumprimento da outorga da Agência Nacional de Águas em relação aos patamares de elevação da vazão média diária.

O executivo também menciona impactos socioambientais, como a redução expressiva do nível de água no reservatório principal. Segundo a Norte Energia, isso pode levar à formação de poças, com aprisionamento de peixes nesses locais; provocar seca nos igapós, com prejuízos à piracema e impactos em áreas de alimentação da fauna aquática.

A geradora aponta possível alagamento no Trecho de Vazão Reduzida (TVR) do rio Xingu, com impactos na fauna aquática e potenciais prejuízos aos moradores locais; redução expressiva no nível do reservatório intermediário, comprometendo a qualidade da água; e a paralisação no Sistema de Transposição de Peixes, o que impediria a migração em pleno período de piracema.

O documento foi enviado com cópia aos ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Casa Civil, Braga Neto; aos dirigentes da ANA, da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Operador Nacional do Sistema.

Na sexta, o Ibama manteve a decisão de aumentar a vazão média de Belo Monte no trecho conhecido como Volta Grande do Xingu, mas informou que “está avaliando a necessidade de possíveis ajustes nas medidas de mitigação e compensação do empreendimento.” A Norte Energia defendia a liberação de 1.600 m³/s para o mês.

O órgão ambiental tem sofrido pressões dentro do próprio governo para rever a determinação, justificada em parecer técnico que aponta impactos ambientais da usina superiores aos previstos nos estudos do empreendimento.