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Indústria de gás e GNL terá ano decisivo, aponta Wood Mac

Em: 15/01/2021 às 09:15h por Canal Energia

Para consultoria, formuladores de políticas deverão indicar o papel do gás natural no processo de transição do setor energético para a neutralidade climática

 

O ano de 2021 será decisivo para a indústria de gás e GNL. Essa afirmação é da consultoria Wood Mackenzie em seu último relatório de perspectivas. Um dos pontos é a questão da neutralidade climática e como os países planejam alcançar a descarbonização de sua matriz. Nesse sentido, os formuladores de políticas públicas precisarão esclarecer o papel do gás natural nesse processo, inclusive a a captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) e hidrogênio azul.

No relatório de perspectivas, a Wood Mackenzie identificou cinco temas que impactariam o setor neste ano. A questão preço global do GNL é um deles.

Houve um aumento que classifica como impressionante em relação aos US$ 2 por milhão de BTUs para acima de US$ 20 no mercado asiático. A estimativa contudo, é de queda no segundo trimestre, mas o atual período de frio no hemisfério norte sinaliza que essa queda poder ser reduzida. Grande parte do aumento do preço do GNL foi causado pelo clima frio, interrupção do fornecimento e falta de capacidade de transporte, além de atrasos no Canal do Panamá. Os fundamentos também têm desempenhado um papel, com a demanda asiática de GNL no quarto trimestre de 2020 já em níveis pré coronavírus.

A estimativa é de aumento do fornecimento global de GNL em 17 milhões de toneladas em 2021, principalmente como consequência da plena utilização do GNL dos EUA durante o verão. As expectativas de preços mais altos do carvão e do carbono na Europa, também parcialmente impulsionadas pelo atual período de frio, fornecem espaço para uma maior demanda europeia de gás no verão.

Em sua análise, após uma série de cancelamentos de projetos de GNL no ano passado, os altos preços atuais deverão encorajar os desenvolvedores de projetos. No entanto, para novos empreendimentos a serem desenvolvidos, a atividade do contrato precisará aumentar. A consultoria avalia que os compradores analisarão quão confortáveis ??eles estão em se comprometer com a nova empresa de longo prazo do combustível em vez de aumentar sua exposição no mercado spot. Além disso, aponta que o mercado precisará de cerca de 85 milhões de toneladas de novo fornecimento de GNL até 2030.

Na Ásia está a questão de apoiar a demanda de gás no médio prazo. Para essa região, a aceleração na mudança de carvão para gás é um tema-chave a observar, por lá o carvão é responsável por mais de 50% da matriz energética da região.

Na Europa, retiradas adicionais de usinas de carvão na Alemanha e na Polônia poderiam suportar uma maior utilização de gás no médio prazo, semelhante ao que está acontecendo em outros países europeus. Além disso, políticas firmes de apoio ao CCUS, bem como ao hidrogênio azul, apoiariam a demanda de gás em setores de difícil descarbonização.

Uma tendência que tem sido notada, continua a consultoria é a formação de parcerias por empresas para explorar economias de escala, compartilhar custos de investimento em toda a cadeia de valor e monetizar subprodutos. Os clusters industriais respondem por 15% a 20% das emissões globais de CO2.

Para a Wood Mac, os projetos precisarão mostrar um progresso tangível este ano. Seu sucesso, diz, será crucial para garantir que o gás permaneça resiliente na matriz energética do futuro, à medida que os países definem planos para alcançar sistemas de energia líquida zero.

Nos Estados Unidos, com a chegada do novo governo, o presidente que assumirá na próxima semana, Joe Biden, anunciou durante a campanha uma ‘revolução de energia limpa’ de US$ 2 trilhões visando acelerar a transição energética naquele país. Inclusive com a definição de uma meta de emissão líquida de carbono zero no setor de energia até 2035 e a declaração de um retorno dos EUA ao Acordo Climático de Paris. Ainda assim a consultoria aponta que essas políticas podem ter efeitos de longo prazo no cenário energético dos EUA. Prevê que a geração de energia com carbono zero chegará a 58% até 2035, apoiada por forte penetração de energia eólica e solar. Mas com a geração a gás aumentando para 36%, ou 32 bilhões de pés cúbicos por dia. Ou seja, uma lacuna significativa em direção à meta líquida de zero permaneceria.