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Parlamentares são contra renovação de acordo nuclear com a Alemanha

Parlamentares são contra renovação de acordo nuclear com a Alemanha

Em: 17/03/2014 às 13:19h por Jornal da Energia

Parlamentares defendem que País não renove acordo de cooperação nuclear com Alemanha. Assinado em 1975, durante o regime militar, para uso pacífico da energia nuclear, o documento será renovado automaticamente até o fim deste ano se nenhuma das partes se manifestar contrariamente à prorrogação, conforme prevista no Decreto 76.695/75.

A bancada do Partido Verde na Câmara dos Deputados lançou manifesto à sociedade alemã contra a renovação do acordo. Na quinta-feira (13/03), em reunião com o ativista social e ambientalista Chico Whitaker, parlamentares do PV e do PSol decidiram apresentar requerimento nas comissões de Meio Ambiente da Câmara e do Senado para divulgação de uma moção contra esse acordo e pelo fortalecimento de outro, em vigor desde 2012, de cooperação entre Brasil e Alemanha no setor de energias renováveis.

Segundo o líder do Partido Verde, deputado Sarney Filho (MA), desde o acidente nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, evidenciou-se o risco no uso desse tipo de energia, mesmo que para fins pacíficos.

"A energia nuclear, depois de Fukushima, principalmente, perdeu muito da sua força. E no Brasil, o custo-benefício nos diz que, na realidade, nós não precisamos de energia nuclear. A energia nuclear, para alguns países, como no Brasil, foi importante em algum momento para que a gente tivesse acesso à tecnologia nuclear, em plena Guerra Fria. Mas hoje não tem sentido nenhum. A tecnologia nós já temos. Energia nuclear para gerar eletricidade não é necessária e é muito perigosa."

Sarney Filho disse que, após Fukushima, a Alemanha anunciou o fechamento de todas as usinas nucleares do país até 2022. O governo alemão aposta, além disso, no desenvolvimento de energias renováveis, como solar e eólica.

De acordo com Chico Whitaker, há uma mobilização de diferentes parlamentares alemães contra a renovação do acordo nuclear com o Brasil. Para o ativista, que, em abril, viaja ao país para participar de um debate sobre o tema, será muito prejudicial à imagem do Brasil não se pronunciar da mesma forma.

"O problema nuclear no Brasil e no mundo não é um problema nem técnico nem político e nem econômico. É ético. Nós não temos o direito de colocar a população brasileira sob o risco de um acidente de Fukushima. E no caso, as duas maiores capitais do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, estão a pouco mais de 100 km uma e 200 km a outra dessa bomba-relógio que está lá guardada em Angra dos Reis."

Em 2012, o governo alemão adiou a decisão sobre o empréstimo que seria feito para a construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. Apesar do recuo, o Brasil continuou o projeto, principalmente com financiamento de bancos públicos. A previsão é de que a usina entre em operação em 2018. Outras duas usinas nucleares, Angra 1 e 2, estão em funcionamento desde os anos 1980 e 2000, respectivamente.