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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Custo de energia no país deve aumentar com leilão do governo

Custo de energia no país deve aumentar com leilão do governo

Em: 17/03/2014 às 13:09h por O Globo

No leilão previsto para 25 de abril, o governo vai ofertar energia gerada por usinas termelétricas, o que deve elevar o custo em relação ao leilão de dezembro, na visão de especialistas. Dos 3,3 mil megawatts (MW) médios que as distribuidoras precisam adquirir no leilão, o governo conta com uma oferta de mil MW médios apenas de termelétricas da Petrobras. 

A expectativa é fechar contratos de longo prazo de forma a atender toda a necessidade das distribuidoras, para que elas não precisem comprar energia — mais cara — no mercado de curto prazo.

Como as usinas termelétricas são mais caras, além de mais poluentes do que as hidrelétricas, esse custo de geração deve se refletir no leilão. Mas o mercado conta com a boa vontade da Petrobras para segurar as tarifas.

Na sexta-feira, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, revelou que, nas projeções de investimentos de R$ 12 bilhões no setor elétrico, o governo previu um custo médio de R$ 470 por MWh da energia em 2014. Nos primeiros meses do ano, esse preço esteve no teto de R$ 822.

Em dezembro de 2013, o limite de preço fixado pelo governo para contratos de um ano de duração foi de R$ 192 por MWh. Comparado com a perspectiva de média do preço da energia neste ano, a decisão das empresas, que preferiram vender energia no mercado spot, foi acertada do ponto de vista financeiro.

Quanto mais próximo do teto de R$ 822 e mais distante de R$ 110 (preço médio embutido no custo das tarifas), maior seria o impacto nas tarifas, mesmo que represado, reconhece uma fonte do setor elétrico. O cálculo pode variar dependendo dos contratos fechados por cada distribuidora. Segundo essa fonte, porém, o fato de ser a Petrobras uma das grandes ofertantes da energia no leilão traz alguma esperança de que o valor dos contratos seja mais baixo.

Em dezembro, o governo havia feito leilão de energia hidrelétrica para entrega este ano, como forma de preencher as necessidades das distribuidoras em nível considerado "elevado" à época pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim. O leilão fechou a venda de 14 mil MW médios para 2014, mas faltou contratar 3,3 mil MW médios, porque muitas hidrelétricas preferiram continuar vendendo energia no mercado de curto prazo.

A sinalização das autoridades na quinta-feira, de que haverá maior oferta de energia a preços menores no mercado em 2015, com o vencimento de concessões de grandes hidrelétricas, serviu como alerta para que as geradoras aceitem preços menores no leilão de contratos de longo prazo, porque haveria uma provável queda do preço do curto prazo nos próximos anos. No setor elétrico, onde o risco de racionamento é considerado real, há dúvidas quanto a essa perspectiva do governo.

O nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste continua muito baixo, próximo do patamar da época do racionamento de energia em 2001. Na última sexta-feira, atingiu 35,8%, muito pouco acima dos 34,5% da média de março de 2001.