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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Aneel adia para 2015 entrada em vigor das bandeiras tarifárias

Aneel adia para 2015 entrada em vigor das bandeiras tarifárias

Em: 18/12/2013 às 13:14h por Fiemt

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu nesta terça-feira (17) adiar, de janeiro de 2014 para janeiro de 2015, a entrada em vigor do sistema de bandeiras tarifárias. O sistema está em fase de teste desde maio e vai continuar assim até 31 de dezembro do ano que vem.

O novo mecanismo recebeu esse nome porque usa bandeiras nas cores verde, amarela e vermelha para informar com antecedência aos consumidores, via conta de luz, quando houver alta no custo da energia produzida no Brasil. O objetivo é dar a oportunidade para que as pessoas, no caso de encarecimento do insumo, reduzam o consumo para evitar aumento de despesa no mês seguinte.

Pela regra, a conta de luz virá com bandeira verde quando o custo da energia estiver abaixo de R$ 200 por megawatt-hora (MWh). Entre R$ 200 e R$ 349 o MWh, surge a bandeira amarela. De R$ 350 para cima, aparece a bandeira vermelha.

De acordo com a Aneel, o adiamento da entrada em vigor do sistema de bandeiras tarifárias se deve à discussão, que ainda está em andamento, sobre as regras para faturamento da energia elétrica e para o detalhamento da tarifa e dos custos relacionados às bandeiras tarifárias na fatura dos consumidores.

Termelétricas
A Aneel já havia decido que, a partir de janeiro de 2014, o custo adicional com geração de energia pelas usinas termelétricas começaria a ser repassado de maneira imediata aos consumidores – hoje o repasse só acontece uma vez por ano, quando a agência faz o reajuste das tarifas das distribuidoras de energia.

Termelétricas são acionadas pelo governo quando há pouca chuva e é necessário poupar água dos reservatórios das hidrelétricas. As térmicas, portanto, funcionam como um seguro, mas a energia gerada por elas é mais cara devido ao uso de combustíveis como óleo e gás.

O repasse do custo pelo uso das termelétricas também seria repassado por meio das bandeiras. Quando a bandeira estiver amarela, o consumo de energia em um mês vai implicar num acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 kilowatts-hora (kWh), que será cobrado na conta de luz do mês seguinte. Quando a cor da bandeira for vermelha, essa alta será de R$ 3 para cada 100 kWh.

Adiamento tira pressão sobre preço de energia

Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo  

 

O adiamento para 2015 da implantação do sistema de bandeiras tarifárias para os preços da energia elétrica cobrada pelas distribuidoras tira pressão sobre a inflação em 2014, na avaliação de economistas. A Quest Investimentos prevê inflação 0,25 ponto percentual menor para janeiro em decorrência do adiamento da medida, enquanto a LCA Consultores estimava impacto de até 0,2 ponto percentual do novo sistema no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014.

Com a permanência do sistema atual de reajuste de preços para as distribuidoras, a estimativa da inflação de janeiro diminui para 0,75%, explica Andre Muller, economista da Quest. O anúncio da Aneel, no entanto, ainda traz incertezas sobre onde serão sentidos os impactos do adiamento. Caso o governo continue pagando, como neste ano, a diferença de preços às distribuidoras, haverá pressão na parte fiscal. Por outro lado, não havendo dispêndio do governo com a flutuação da energia elétrica, podem ser esperados reajustes maiores ao longo do ano que vem.

"Algumas questões não foram respondidas. O que parece é que chegamos a um limite em que o comportamento dos preços da energia ano que vem vai gerar ou mais despesas ou mais inflação", afirma Muller.

A LCA Consultores manteve o sistema atual no cenário de inflação para 2014, que prevê reajuste médio de 4,2% das tarifas de energia elétrica. Na simulação onde os preços das distribuidoras chegassem em dezembro com bandeira vermelha - o mais alto no sistema pretendido - a inflação do setor ano que vem alcançaria 11,9%. Nesse modelo, o IPCA do ano subiria de 5,9% para 6,1%. O cálculo ainda não leva em conta os aumentos indiretos em bens e serviços que a energia mais cara traria.

Se a manutenção do regime de preços atual diminui a inflação do ano que vem, o adiamento coloca pressão nos preços para 2015, lembra Romão. "O mecanismo compensatório para as distribuidoras seria o da bandeira, que se for adotado em 2015 também aumenta a inflação.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, defendeu ontem que as distribuidoras de energia busquem reverter decisão tomada pelos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul de incidir a alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre subsídios concedidos pelo governo federal que garantiram a redução média de 20% nas contas de luz neste ano.

"Neste caso, as distribuidoras são os contribuintes de direito, são elas que fazem o pagamento do ICMS a estes Estados. Mas os consumidores são os contribuintes de fato, pois são eles que pagam o tributo", disse Rufino.

A incidência do tributo estadual sobre o repasse de subsídios à energia elétrica é entendida pelo setor como caso de bitributação.

Em 2013, o Tesouro Nacional fez repasses bilionários à Conta de Desenvolvimento Energético que passaram a ser onerados com ICMS. Este fundo é usado pelo setor para amenizar o peso que recai sobre as contas de luz do alto custo das termelétricas e da não adesão de geradoras dos grupos Cemig, Cesp e Copel ao plano de renovação dos contratos, que obriga as distribuidoras a contratarem energia mais cara com contratos de curto prazo (spot).