Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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RISCOS CRESCENTES NO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA

RISCOS NO SETOR DE ENERGIA

Em: 04/03/2013 às 09:57h por ESTADÃO ECONOMIA

Crescem os desequilíbrios no setor de energia, afetando não apenas as geradoras e as distribuidoras de eletricidade, mas também os consumidores, embora por diferentes causas.

Para as empresas, o problema central é o custo da energia. O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, admitiu que as usinas térmicas movidas a gás natural, carvão e óleo permanecerão ligadas durante todo este ano - e, como o custo gerado por essas usinas é mais elevado que o das hidrelétricas, há um descompasso entre as saídas e as entradas de caixa das distribuidoras. Estas têm de pagar no curto prazo pela energia mais cara fornecida pelas geradoras, mas só serão ressarcidas em 2014, quando as tarifas forem reajustadas.

As distribuidoras propõem que o BNDES financie o desequilíbrio e o governo admite que está "analisando o pleito das distribuidoras", disse o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Mas o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, está mais preocupado com o aumento das tarifas no ano que vem - pondo em risco a alardeada política de redução de tarifas deste ano.

O desequilíbrio novo é o das geradoras, que não podem operar a plena carga porque os reservatórios estão baixos - o ONS limita a oferta de energia hídrica. As geradoras foram obrigadas a comprar energia, em janeiro, para entregar às distribuidoras, pagando os preços do mercado de curto prazo. Estima-se que, em janeiro, a energia hídrica gerada tenha sido 26% inferior à necessária para que as geradoras cumprissem os compromissos com as distribuidoras. O resultado é um rombo contábil de R$ 4 bilhões nas contas das geradoras, informou o Estado ontem. Essa conta terá de ser paga neste mês.

Aos problemas imediatos se acrescentam os estruturais - em especial, a falta de investimento das distribuidoras na manutenção dos serviços e na troca regular de equipamentos obsoletos, afetando os consumidores. Sem recursos, o quadro poderá se agravar. As interrupções no fornecimento são frequentes, com grave ônus para famílias e empresas, inclusive nas grandes metrópoles, como São Paulo e Rio. Esgotou-se, ontem, o prazo dado pela agência reguladora paulista (Arsesp) para a Eletropaulo dar informações sobre as falhas no fornecimento e no call center.

Os sinais que vêm da área energética federal são confusos. As mudanças do marco regulatório, em 2012, não parecem ter previsto sequer o que poderia ocorrer 90 dias depois.