Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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PCHs ajudam a preservar o Pantanal.

Em: 13/02/2013 às 16:00h por MidiaNews

PCHs ajudam a conservar o Pantanal, dizem empresários do setor

Para eles, dizer que as usinas causam impacto ambiental é apenas "boato"

Isa Sousa

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Oliveira: Grupo Amper, do qual é diretor, é sócio de PCHs em MT

CAROLINA HOLLAND
DA REDAÇÃO

Membros do Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás em Mato Grosso (Sindenergia) contestam pesquisadores e afirmam que as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHS) ajudam a conservar o Pantanal, e não o prejudicam. 

Eles dizem, ainda, serem alvo de perseguição – sem citar nomes – e afirmam que as pessoas, em geral, só enxergam o lado negativo das usinas hidrelétricas em relação ao meio ambiente.

Em matéria publicada no último domingo (3) no MidiaNews, o doutor em Energia Dorival Gonçalves Júnior disse que as usinas no Pantanal produzem apenas 1,1% de energia ao país, e que seu impacto ambiental não compensa a baixa produção.

Na mesma matéria, a PhD em Ciências Débora Calheiros afirma que a implantação de muitas usinas no bioma pode trazer sérias consequências, como a queda na produção pesqueira. (Leia mais AQUI). 
 
Dono de duas PCHs no Pará e de dois projetos de hidrelétricas para Mato Grosso, o empresário Itamar Duarte afirma que ficou “indignado” com as declarações dos pesquisadores. 

Isa Sousa

Duarte: usinas ajudam a evitar o assoreamento dos rios



“Isso nos causou indignação pela falta de argumento para poder falar essas coisas. Dentro da nossa visão, é exatamente o contrário do que eles estão falando: as pequenas hidrelétricas que têm na cabeceira dos rios que banham o Pantanal ajudam o bioma”, afirmou.

Segundo ele, não há barragens no Pantanal, e sim, “nas cabeceiras dos rios que atendem ao Pantanal”. Ainda de acordo com Duarte, as barragens, por menor que sejam, possibilitam reduzir o assoreamento dos rios e permitem que os peixes sejam criados em cativeiro.

"As usinas ajudam a conservar o rio, e não atrapalhar", afirma.

Eduardo Oliveira, diretor do Grupo Amper, sócio de três PCHs em operação em Guarantã do Norte e uma em processo de implantação em Tangará da Serra, insinua que os pesquisadores estão exagerando e afirma que o que dizem são "boatos" e “conversas”.

“[Dizer que] o impacto de uma usina que está lá em Tangará [da Serra] na bacia do Alto Paraguai, é um tiro tão longo e forçado, quanto ouvir que uma usina vai impactar diretamente no rio, consequentemente na fauna e na flora, e também no ser humano que vive ali, que tem problema de subsistência por causa da implantação de PCH. Tudo isso é baseado em conversas e boatos, é muito difícil comprovar isso”.

Oliveira afirma ainda que é preciso “deixar de lado os boatos e comentários tendenciosos” e começar a se basear em estudos concretos, técnicos e dados. 

“O melhor exemplo disso é o Manso. Nunca mais se falou nele, e nem dos benefícios. Eu lembro muito bem do slogan ‘Manso, vida e morte de um rio’, falando do rio Cuiabá. Por que essas pessoas não vêm agora e não dizem: Olha, eu achava que seria um impacto de envergadura, e hoje, 15 anos depois, eu acredito que não foi’?”.

Avaliação ambiental

A Justiça Federal de Mato Grosso do Sul suspendeu, em dezembro, a emissão de novas licenças de usinas no Pantanal até que seja feita a avaliação ambiental estratégica dos projetos. 

A decisão também é considerada uma perseguição e sem fundamento pelos empresários. “O Ministério Público está sendo usado, a Justiça Federal está entrando nisso e talvez sendo levada nisso também”, diz Duarte. 

" O que não pode é pedir para parar todos os licenciamentos para poder fazer um estudo"



No entanto, o empresário diz ser a favor da avaliação ambiental estratégica.

“Vai acabar com essa confusão. O setor é favorável [à realização]. O que não pode é pedir para parar todos os licenciamentos para poder fazer um estudo. Se for assim, teremos que parar tudo, inclusive a ocupação humana. A ocupação humana é fundamental para o meio ambiente”, declara. 

“Quando fizermos a avaliação ambiental estratégica, muito provavelmente vai se descobrir que a PCH não é a grande vilã, nem para a Bacia do Alto Paraguai, e nem para o restante do Estado”, acrescenta Oliveira.

Produção de energia

Sobre a produção de 1,1% de energia, Duarte afirma que esse valor interessa ao Estado porque estabiliza o sistema. 

“Tem confiabilidade operacional. Se houver um apagão lá, aqui nós estaremos garantidos. Então essas usinas hidrelétricas são importantes no desenvolvimento no processo energético do Estado”, afirmou.

“Um dos grandes benefícios da PCH é ela estar em um lugar remoto, e atender a uma população isolada, que são lugares onde o Sistema Interligado não atinge, não abrange”, defende Oliveira. 

Falta de peixes

Duarte afirma que uma das principais causas da perda dos peixes nos rios é o excesso de predadores, em especial o jacaré, e o lançamento de mercúrio de garimpos e também de lixo nos rios,e não a implantação de hidrelétricas.

“Hoje nós temos uma superpopulação de jacaré. É preciso equilibrar o meio ambiente, ou seja, reduzir o número de jacarés. Mas os ambientalistas proibiram a caça de jacarés!”, criticou.

Oliveira afirma que falta informação e formação para falar sobre os riscos das PCHs. 

“Falta informação de qualidade para os dois lados – os prós e contras. Falta formação consistente, e não baseada em boato: ‘Ah, o peixe está acabando’ e assim por diante. Esse tipo de conversa é boato”. 

Oliveira critica a falta de números para fundamentar as opiniões dos pesquisadores. 

"Se você achar que o Pantanal é um santuário, então vai ter que acabar aqui. Mato Grosso para, Cuiabá, Cáceres "



“Não existem dados. Não existe nada sólido – no sentido de citar livros, ou citar uma equipe de 20, 30 técnicos que estudaram por cinco anos e constataram isso e aquilo. Só tem conversa”. 

Pantanal não é “santuário”

Duarte disse que o aumento da população faz - e vai continuar fazendo - com que diminua muito a quantidade de peixes nos rios e que é preciso investir em piscicultura.

"Tem que partir para outro canto [a criação em cativeiro]. Se você achar que o Pantanal é um santuário, então vai ter que acabar aqui. Mato Grosso para, Cuiabá, Cáceres. Fecha Rondonópolis, fecha tudo”, afirmou