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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Custo de equipamentos solares deve subir no 4º tri, aponta Wood Mackenzie

Em: 06/10/2025 às 08:36h por Canal Energia

Consolidação do polissilício, cortes na produção e o fim de desconto em imposto na China motivam subida

Desenvolvedores de energia solar e armazenamento de energia estão se preparando para um forte aumento nos custos de aquisição de equipamentos a partir do quarto trimestre de 2025. O cenário vem à medida que mudanças na política chinesa e cortes na produção do lado da oferta encerram a era de preços ultrabaixos no mercado nos últimos 18 meses. De acordo com um novo relatório da Wood Mackenzie, três fatores convergentes impulsionarão os preços dos módulos solares em aproximadamente 9% no quarto trimestre de 2025. Novos aumentos são esperados até 2026.


A análise revela que a consolidação do polissilício, os cortes de produção do lado da oferta e o cancelamento pela China de um desconto de 13% no IVA para exportação criaram a tempestade perfeita para aumentos de preços. Yana Hryshko, analista sênior de pesquisa e chefe da Cadeia Global de Suprimentos Solares da Wood Mackenzie, conta que nos últimos 18 meses, as construtoras se beneficiaram da venda de módulos solares e sistemas de armazenamento de energia a preços baixíssimos por fabricantes chineses, na tentativa de escoar o excesso de oferta.


No entanto, isso está prestes a mudar. O governo chinês interveio para estabilizar o mercado, e as construtoras em todo o mundo precisarão ajustar suas expectativas de aquisição de acordo com isso.


Competição trouxe baixas expressivas


A pesquisa mostra que os preços dos módulos solares caíram para mínimas históricas. A queda ficou em US$ 0,07 a 0,09 por watt durante 2024 e início de 2025. A baixa veio à medida que os fabricantes chineses se envolveram em uma competição de preços destrutiva, apesar de registrarem perdas massivas. Essa situação insustentável atingiu um ponto crítico devido à intervenção governamental coordenada. Contudo, a capacidade chinesa de polissilício quadruplicou entre 2022 e 2024, criando um enorme excesso de oferta e reduzindo os preços. Porém novas diretrizes governamentais restringiram a expansão e determinaram cortes na utilização, reduzindo as taxas de produção para 55-70% entre os principais produtores.


Os cortes de produção se espalharam por toda a cadeia de valor da energia solar. As taxas de operação dos módulos entre os principais fabricantes recuaram para 55-60% em meados de 2025. Enquanto isso, linhas de produção obsoletas foram descontinuadas, reduzindo ainda mais a capacidade disponível. Essas restrições de oferta já resultaram em um aumento drástico de 48% nos preços do polissilício somente em setembro de 2025. Isso sinaliza o início de uma correção de preços mais ampla em todo o setor.


Fim de desconto em imposto


O terceiro fator decisivo advém das mudanças na política fiscal. A partir do quarto trimestre de 2025, a China cancelará o desconto de 13% do IVA aplicado anteriormente às exportações de módulos solares e sistemas de armazenamento. Com o país asiático fornecendo mais de 80% dos módulos solares globais e 90% dos conjuntos de baterias de fosfato de ferro-lítio usados em armazenamento de energia, a alteração impactará diretamente os preços de referência globais. Para o mercado americano, isso significa aumento nos custos para projetos de armazenamento que adquirem equipamentos de armazenamento relacionados à China. Analistas também preveem o cancelamento do desconto do IVA para inversores, elevando os custos dos projetos solares nos EUA.


A análise indica que isso representa uma correção estrutural, afastando-se das guerras de preços destrutivas em direção a margens sustentáveis, em vez de um ajuste temporário do mercado. Além disso, a pesquisa sugere que mesmo as construtoras que garantiram contratos no início do ano enfrentarão renegociações para a produção programada após novembro. Isso acontecerá à medida que o novo ambiente de preços se consolidar.