Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Curtailment em setembro avança e bate recorde

Em: 03/10/2025 às 11:01h por Canal Energia

Aumento do curtailment em setembro ocorreu nos últimos dias, ventos no pico ajudam a explicar explosão que pode elevar a perda dos geradores

Os cortes de geração renovável, chamados também de curtailment, dispararam em setembro. Segundo dados atualizados da Volt Robotics, o montante alcançou 6.640 MW médios. Esse volume representa o recorde histórico medido pela consultoria, superando agosto de 2025 em 14% com 5.800 MW médios, até então, no topo dessa tabela negativa para geradores renováveis no país.


De acordo com os dados da Volt, houve redução de 22% nos cortes de razão elétrica, e aumento de 8,3% em confiabilidade e 9,2% nos cortes energéticos. Por fonte, os cortes da geração solar centralizada ficaram em 34,8% da produção e a eólica em 22,9% do total.


Donato Filho, CEO da Volt Robotics, explicou os cortes foram intensos nos últimos 4 dias do mês passado. Isso se deve, inclusive, com a ocorrência do final de semana antes do final de setembro, que terminou na terça-feira.


O CEO da Volt Robotics explica que os cortes de geração têm sido mais frequentes nos sábados e nos domingos. Nesses dias a carga é naturalmente mais baixa. E há o agravante quando há muito sol, pois aumenta a geração distribuída injetada na rede. A combinação entre carga baixa e alta produção de GD acaba levado o Operador a aumentar os cortes das usinas centralizadas.


Esse volume de cortes veio acima do projetado pela empresa no início da semana. Donato Filho estimava que o curtailment ficaria em cerca de 5 GW médios.


Safra dos Ventos


Para a presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, esse resultado do curtailment de setembro não foi uma surpresa. Setembro é o mês em que a chamada Safra dos Ventos atinge anualmente seu pico no Brasil. Portanto, naturalmente seria o período com o maior volume de restrições para os geradores eólicos.


“Tem máquina que opera 98% de fator de capacidade no mês de setembro. A safra começa em meados de junho e vem aumentando até chegar em setembro e outubro como os mais elevados pra nós”, explicou a executiva. “Tem parque que fica 100% desligado”, relata.


Élbia destacou que espera uma solução do ponto de vista financeiro para quando chegarmos à próxima safra. Esse problema já vem sendo relatado desde o ano passado e ganhou força em 2025. Contudo, operacionalmente, essa questão ainda estará sob os holofotes e o ONS terá que enfrentar essa condição.


A executiva alerta que os R$ 5 bilhões de perdas estimados para o ano com o curtailment deverá explodir em breve. “Quando eu colocar setembro, outubro, novembro na conta esse negócio vai explodir”, aponta.