Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
O mercado livre de energia no Brasil vive um momento de expansão acelerada, com mais de 80 mil unidades consumidoras ativas e representando 44% de toda a eletricidade consumida no país. Segundo a Abraceel, o setor já gerou uma economia acumulada superior a R$ 540 bilhões. Porém, nem todas as empresas conseguem atingir as reduções de custos inicialmente projetadas ao migrar para o Ambiente de Contratação Livre (ACL).
Segundo a CEO da Donna Lamparina, Silla Motta, não há um levantamento oficial que mostre quantas empresas deixam de atingir a economia esperada. “O que vemos na prática é que parte dos casos fica abaixo das projeções, geralmente porque o contrato não reflete o perfil de consumo ou porque custos e encargos foram subestimados. Como referência, estudos setoriais indicam potencial de 15% a 20% de redução para perfis industriais elegíveis, mas o resultado real varia muito caso a caso”, explicou.
Em entrevista ao CanalEnergia a executiva explicou que três fatores principais comprometem os resultados das empresas no mercado livre: perfil de consumo inadequado com sazonalidades e picos imprevisíveis; contratos mal estruturados que expõem consumidores a riscos de preço; e subestimação de custos e encargos setoriais.
“Há um erro grave que precisa ser dito: contratar comercializadoras sem histórico sólido ou sem lastro financeiro. Já vimos casos em que elas não honraram contratos, deixando clientes desassistidos e expostos a custos altíssimos”, alertou Silla.
Contudo, empresas com forte sazonalidade, como turismo (hotéis, resorts), shoppings, eventos e até o agronegócio enfrentam desafios maiores para se adaptar ao mercado livre. “No turismo, por exemplo, a alta e a baixa temporada criam curvas de consumo muito diferentes, que dificilmente se ajustam a um contrato padrão. Isso acaba corroendo a economia esperada”, avaliou a CEO.
Ela ainda destacou que pequenas empresas também encontram dificuldades por não possuírem escala para negociar condições tão vantajosas quanto grandes consumidores.
Nesse contexto, o papel das consultorias é estratégico. “Uma consultoria de qualidade precisa ser independente, simular cenários adversos e acompanhar o cliente mesmo depois da migração. É fundamental avaliar reputação, equipe técnica e transparência”, reforçou Silla.
De acordo com a executiva, entre os custos ocultos que muitas vezes não são considerados estão: garantias financeiras da CCEE, custos de medição, perdas elétricas e penalidades por desvios de consumo
O Sindenergia é uma importante voz para as empresas do setor de energia em Mato Grosso, promovendo o diálogo entre as empresas, o governo e a sociedade, com o objetivo de contribuir para o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental