Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
O aumento acumulado do custo da energia elétrica chegou a 1.299% e o do gás natural a 2.251% entre 2000 e 2024. O cálculo foi feito pela Ex Ante Consultoria Econômica, em estudo elaborado para a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia.
O levantamento mostra que o preço unitário da eletricidade para a indústria cresceu quatro vezes mais que a inflação medida pelo IPCA no período, de 326,3%. O custo unitário em dólar foi de 375,2%, maior que o dos Estados Unidos (85,5%) e o dos países da Zona do Euro (42,9%).
Para o gás, o aumento dos últimos 24 anos ficou 451% acima da inflação brasileira. Já o custo médio para a indústria teve variação de 698%, mais de oito vezes a inflação dos preços industriais nos EUA e 16,3 vezes a variação na União Europeia.
Segundo o estudo, a escalada dos preços da energia elétrica e do gás natural estão entre os fatores determinantes para que a inflação superasse em mais de 50% a meta no período. O aumento impacta o custo de vida das famílias e a competitividade da indústria.
O peso da energia no preço final dos produtos essenciais foi de 85% no pão francês, de 82% no leite, de 77% no queijo, de 214% no cimento e de 209% no custo da água e esgoto.
A Abrace calcula que a redistribuição de encargos para os consumidores do mercado livre, prevista na Medida Provisória 1300, pode agravar a situação provocando um repique inflacionário de até dois pontos percentuais no IPCA nos próximos anos.
O presidente executivo da entidade, Paulo Pedrosa, disse em entrevista nesta quinta-feira, 3 junho, que a MP da reforma do setor elétrico tem pontos positivos, como a abertura do mercado livre para a baixa tensão. Alertou, no entanto, que o deslocamento de custo dos consumidores mais carentes para a cadeia produtiva volta para o consumidor na forma de aumento dos bens de consumo.
A MP institui a gratuidade da Tarifa Social de Energia Elétrica para o consumo até 80 kWh/mês e isenta uma parcela dos beneficiários dos programas sociais dos custos da Conta de Desenvolvimento Energético. Também altera o rateio de custos do setor elétrico entre consumidores livres e cativos.
“Nosso raciocínio é de que um custo de natureza política deve estar compensado no imposto. Seria mais correto,” afirmou o executivo. Para a Abrace, os subsídios sociais devem ser custeados por instrumentos de política pública, como o Orçamento Geral da União.
O diretor de Energia da associação, Victor Iocca, disse que a MP deve trazer um impacto negativo ao longo do tempo de até 20% no custo da energia. Iocca destacou que existem recursos do Fundo Social do pré-sal que poderiam ser usados para a cobertura da tarifa social e do Luz para Todos.
O Sindenergia é uma importante voz para as empresas do setor de energia em Mato Grosso, promovendo o diálogo entre as empresas, o governo e a sociedade, com o objetivo de contribuir para o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental