Projeto Hidrogênio em MT – Fase I

Projeto Hidrogênio em MT – Fase I

Em: 16/05/2012 às 14:33h por Diário de Cuiabá

O Laboratório de Hidrogênio da UNICAMP vem pesquisando, há trinta e cinco anos, novas tecnologias que possibilitem a utilização do hidrogênio, a um custo viável, para aplicações na indústria brasileira. Especialmente nos últimos quinze anos a pesquisa tem o propósito de fazer a conversão da energia química, concentrada em sua molécula, em energia elétrica, com benefício para a Humanidade.

Na natureza o hidrogênio não é encontrado isoladamente, estando, todavia, presente nas moléculas de muitas substâncias, as quais são utilizadas diariamente, a saber: água, derivados de petróleo como o óleo diesel, a gasolina, o querosene, o gás de cozinha, etc, bem como na molécula do conhecido etanol, obtido da cana-de-açúcar, combustível largamente usado nos tanques dos automóveis.

No início da década passada, o Laboratório de Hidrogênio da UNICAMP decidiu proceder algumas das pesquisas em tecnologias do hidrogênio, para fins de obtenção de energia elétrica, em uma comunidade isolada na Amazônia, com o propósito de instalar na região um conjunto de equipamentos (protótipo), destinado a converter a energia química do hidrogênio em energia elétrica, sendo o hidrogênio retirado do etanol, energético de fonte renovável produzido em muitos Estados do Brasil.

Assim, deu-se início no ano de 2006, ao Projeto Hidrogênio em Mato Grosso, trabalho de pesquisa e desenvolvimento (P&D), pioneiro no gênero no Brasil e no mundo, sob a responsabilidade da UNICAMP, sendo o investimento na parte tecnológica do projeto custeado pela ELETRONORTE. A UFMT, convidada a integrar-se no projeto, responsabilizou-se pela tarefa de atrair instituições regionais como parceiras e de coordenar a execução do projeto, por meio de seu Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Planejamento Energético – NIEPE.

A Comunidade denominada "Pico do Amor" foi a escolhida para sediar o projeto, localizada na zona rural do município de Cuiabá, distrito de Aguaçú, distando 85 km da capital sendo 60 km asfaltados, rumo à Hidroelétrica de Manso e 25 km de estrada municipal com boa condição de tráfego ao longo do ano. È uma região promissora de clima agradável e beleza singular, com uma altitude de 650 metros, onde 50 pessoas vivem da agricultura familiar.

A FASE I foi plenamente realizada: as pessoas da Comunidade entenderam e acataram a idéia do projeto; criaram a APPPICO – associação representativa dos seus interesses; doaram espaço físico para a construção do Centro Comunitário, do poço artesiano com a caixa de água de 10.000 litros e rede de distribuição de água com 3 km de extensão, da casa de máquinas, onde se encontra o conjunto de equipamentos (protótipo), construído no Laboratório de Hidrogênio e instalado pela UNICAMP.

Várias instituições regionais acataram o convite da UFMT/NIEPE, participando com o aporte de recursos financeiros destinados às obras requeridas pelo projeto em benefício da população: Prefeitura Municipal de Cuiabá, SANECAP, Secretaria Estadual de Indústria, Comércio, Minas e Energia, FIEMT, CEMAT, SINDALCOOL, SINDENERGIA, SINDUSCON, etc, além de doações de algumas empresas.

Os testes feitos no "protótipo" pela equipe da UNICAMP mostraram a necessidade da inserção de novos avanços tecnológicos no processo de separação do hidrogênio da molécula do etanol, razão pela qual a Coordenação Geral do Projeto encaminhou à ELETRONORTE a proposta da FASE II do Projeto, com um custo total da ordem de dois milhões e setecentos e cinquenta mil reais, constituída de duas partes, a tecnológica e a sócio-econômica.

A FASE II estará à disposição do leitor na edição de amanhã.

*OTACÍLIO BORGES CANAVARROS - Ex-presidente fundador da FIEMT, SENAI, SESI e IEL em Mato Grosso/Eng. Prof. Dr. pela UNICAMP em Planejamento de Sistemas Energéticos e Supervisor da FASE I do Projeto Hidrogênio