Uma das estratégias de crescimento de Furnas no setor elétrico passa pelo sucesso em leilões de usinas existentes, revelou a diretora de Novos Negócios de Furnas, Olga Simbalista. Após arrematar a hidrelétrica de Três Irmãos nesta sexta-feira (29/3), a companhia já mira outras duas concessões: UHE Ilha Solteira (3.444MW) e Jupiá (1.551MW).
O cronograma da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê a licitação de dez hidrelétricas até 2017. “Estamos nos estruturando para participar desses leilões, principalmente das duas usinas próximas a Três Irmãos”, afirmou Simbalista.
A UHE Jaguara (Cemig), de 424MW, cuja concessão venceu em 2013, já é elegível a ser licitada, porém uma decisão judicial impede a usina de ir a leilão. Em 2015, terminam a concessões de outros sete empreendimentos, que totalizam 7.512MW de potência, são as UHES Capivari (260MW -Copel); Ilha Solteira e Jupiá (Cesp); Itutinga (52MW)/ Salto Grande (102MW)/ São Simão (1.710MW) e Três Marias (396MW-Cemig). Em 2016, é a vez da UHE Miranda (408/MW) e em 2017 Volta Grande (380MW), ambas da Cemig.
A usina de Três Irmãos foi a primeira a ser licitada sob a adege da Lei 12.783/2013, a qual o vencedor conquistou o direito de receber receita para apenas operar e manter a usina, ao passo que a energia produzida pela usina é comercializada em regime de cotas. Furnas arrematou o empreendimento em parceira com o fundo FIP Constantinopla, pelo Custo de Gestão dos Ativos de Geração (GAG) de R$31.623, 036, 00.
A executiva lembrou que, há um ano, Furnas opera seis usinas sobre o regime da nova lei, que totalizam 4.600MW de capacidade instalada. Os empreendimentos estão localizados na região Sudeste do País. Assim como Três Irmãos, as usinas Ilha Solteira e Jupiá apresentam sinergia aos negócios de Furnas.
“Esse foi um dos grandes atrativos para participarmos do leilão”, disse a executiva. “É um novo negócio, sabemos que bem conduzido pode trazer um retorno muito bom”, completou.
Pelo cronograma da Aneel, até 1º de julho o resultado do leilão deve ser homologado e 6º de agosto é a previsão de assinatura do contrato de concessão. A partir dessa data, o consórcio Novo Oriente tem seis meses para assumir a operação do projeto. “Estamos nos preparando para assumir o mais rápido possível”, afirmou Simbalista.
Simbolismo histórico
Realizado na sede da BM&FBovespa, em São Paulo, a licitação da UHE Três Irmãos teve um “simbolismo histórico para o setor elétrico brasileiro”, nas palavras do diretor da Aneel, André Pepitone. “Na manhã de hoje licitamos a primeira usina sobre a égide da nova lei 12.783”, disse Pepitone, que classificou o resultado como um sucesso, mesmo não havendo competição.
O Consórcio Novo Oriente, formado por Furnas (49,9%) e FIP Constantinopla (50,1%), foi o único interessado, o que fez com que o certame não registrasse deságio. Segundo Simbalista, a empresa tinha três envelopes. “Como não vimos outros participantes, por uma questão de gestão, apresentamos o deságio nulo”, disse a executiva.
Simabalista explicou que o negócio foi muito bem analisado, um estudo que envolveu 40 pessoas durante alguns meses. “Estamos trabalhando nesse leilão há alguns meses. Fizemos uma chamada pública procurando parceiros. Houve um número relativamente grande de interessados”, disse. A empresa cogitou participar do leilão sozinha, mas por uma questão de agilidade de contratações e eficácia na gestão concluiu que o melhor era formar um consórcio.
Eduardo Borges, gestor do fundo FIP Constantinopla, disse que o fundo é integrado por cinco cotistas, todos privados, sendo três com experiencia no setor elétrico e duas instituições financeiras. Não há capital estrangeiro, nem fundo de pensão envolvido. “Ele é integrado por investidores qualificados, do setores financeiro e estratégicos do setor”, disse Borges. O fundo foi criado especificamente para esse negócio, e tem um capital financeiro de aproximadamente R$200 milhões.