Em: 25/03/2014 às 16:15h por O Jornal MT

Vinte e seis empreendimentos elétricos, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), estão previstos para os rios que fazem parte da Bacia do Rio Sepotuba. Dentre os empreendimentos, três foram bastante criticados na audiência pública de sexta-feira (21), sobre Água e Energia. Segundo o público presente, a instalação de PCHs no Rio Formoso e no Rio Sepotuba (no Salto das Nuvens e no Salto Maciel) sepultará o potencial turístico do município, acabando com suas belezas naturais, entre outros atrativos.

O empresário e professor José Ricardo, da Biguá Aventuras, se emocionou ao falar das corredeiras do Rio Formoso, onde regularmente leva turistas para a prática do rafting, salientando que há mais de 20 anos nada e rema no local e que uma PCH, que está prevista justamente para aquele trecho, acaba com o esporte, bem como com a possibilidade de desenvolvimento de uma das vertentes de turismo de aventura. “Quando eu espero que vai reflorestar as margens do Formoso, vêm e dizem que vão construir PCHs lá. Não tenho nada contra as PCHs, mas sou contra que elas sejam construídas lá. Afinal, o Rio Formoso não vai gerar uma grande quantidade de energia, tanto assim, para ajudar o nosso município”, ressaltou Zé Ricardo.

Conforme o exposto na audiência pública, além de duas PCHs no Rio Formoso, serão outras nove no Juba e Jubinha e quatro no Rio Sepotuba, onde uma é a PCH Salto das Nuvens e outras três estão previstas entre o Salto das Nuvens e o Salto Maciel. “O problema das PCHs para o Sepotuba, além de serem dispensadas de um monte de coisas, não só das audiências públicas, são dispensadas também de EIA e Rima (…). As PCHs lá embaixo, nas Sete Ilhas, no Salto Maciel são piores em termos ambientais do que a do Salto das Nuvens. O Salto das Nuvens é um berçário e se os peixes não subirem até lá, não vão desovar, o que vai diminuir ainda mais o número de peixes no Pantanal, que já está reduzido pela pesca depredatória”, asseverou a bióloga e professora da Unemat, Drª Edenir Maria Serigatto.

A bióloga ainda questionou a forma como o Samae retirará água do Sepotuba para consumo, com a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) jogando os efluentes no Rio Ararão, seu tributário. O diretor da autarquia, Wesley Torres, explicou que hoje a diluição é de 60% e que a Sema exigiu que seja de 15% e que testes serão feitos antes da implantação do projeto, bem como estudo de impacto econômico e ambiental.

Entre os protestos, o engenheiro sanitarista Renato Gouveia chamou a atenção para a instalação das PCHs no complexo do Rio Juba. “As três do Jubinha acabarão com o complexo das Três Cachoeiras. Já estão com a Licença de Instalação e é, na minha opinião, o lugar mais bonito de Tangará. AS PCHs tomaram por completo o Juba”, pontuou Gouveia.

Representando o setor das indústrias de energia, o presidente do Sindi Energia, Carlos aValone, salientou que a Sema coloca entre 0,5 e 1% do valor do empreendimento para a compensação ambiental e social e que em todos os empreendimentos que construiu forma feitas audiências públicas para ver a aceitação da sociedade. É a sociedade quem vai decidir se quer ou não as PCHs e quais serão as que poderão ou não ser instaladas”, chancelou.