CMSE: condições climáticas adversas causaram desligamento

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O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) se reuniu, nesta quarta-feira (11), para avaliar a perturbação geral ocorrida no Sistema Interligado Nacional (SIN), às 22h13min, no dia 10 de novembro de 2009. A reunião foi presidida pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e contou com a participação da Agência Nacional de Energia Elétrica, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Empresa de Pesquisa Energética, Operador Nacional do Sistema e Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, além de representantes de Itaipu Binacional, Furnas, CTEEP, governo do estado de São Paulo e do Ministério das Relações Exteriores.

 

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e Furnas fizeram uma explanação sobre a  ocorrência, indicando que a origem da perturbação foi na região Sudeste do país, mais precisamente no sul do estado de São Paulo, próxima da divisa com o estado do Paraná, na subestação Itaberá, de propriedade de Furnas.

 

O ONS informou que o SIN operava em condições normais, sem qualquer restrição operacional. Os fluxos de energia elétrica entre as regiões estavam dentro dos limites estabelecidos, inclusive na região afetada. O fluxo de energia da região Sul para o Sudeste/Centro-Oeste, no momento da perturbação, era de 2.950 MW. O recebimento pela região Sudeste era de 8.530 MW, sendo 2.950 MW provenientes da região Sul e 5.500 MW da usina de Itaipú, para um limite de 9.500 MW.

 

As condições climáticas daquela região na hora da perturbação eram adversas. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), uma frente fria gerou uma linha de instabilidade que avançou pelos estados do sul do País até chegar ao sul de São Paulo. Essa frente provocou uma tempestade, com grande incidência de chuvas, ventos e uma forte concentração de raios na região do município de Itaberá.

 

A ocorrência teve inicio devido a curtos-circuitos nas linhas de transmissão 765 kV Ivaiporã-Itaberá, circuitos 1 e 2 e na barra da SE Itaberá, em decorrência de condições climáticas adversas que provocaram o desligamento da linha de transmissão remanescente Ivaiporã-Itaberá, circuito 3. Essa contingência tripla provocou desligamentos em cascata no Sistema Interligado, entre outros, da UHE Itaipu, interligação Sul-Sudeste e elo de corrente contínua que interliga a UHE Itaipu 50 Hz ao Sistema Interligado, resultando em colapso para o sistema, afetando principalmente os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

 

Segundo o ONS, as atuações das proteções e esquemas de alívio de carga operaram corretamente, eliminando as faltas e preservando parte das cargas do Sistema Interligado. A atuação correta dos esquemas de ilhamento evitou a propagação dos problemas, reduzindo de forma significativa o impacto da perturbação nas regiões Sul, Norte e Nordeste.

 

O ONS apresentou um balanço da carga interrompida: na região Sudeste/Centro-Oeste foi de 26.683 MW, cerca de 69% da carga total da área; na região Sul, o corte foi de 941 MW, 9%; na região Norte 275 MW, em torno de 7%; e, na região Nordeste, 934 MW, aproximadamente 10%. A carga total interrompida no Brasil foi de 28.833 MW, 47% do requisito no momento da ocorrência.

 

Já o Paraguai foi afetado devido ao desligamento da UHE Itaipu, com uma carga interrompida da ordem de 880 MW.

 

O tempo de restabelecimento foi considerado normal para eventos desta magnitude. O tempo médio de recomposição, calculado a partir de critérios definidos por órgãos internacionais, foi de aproximadamente 3 horas e 30 minutos. No entanto, os tempos de recomposição nas regiões sul, norte e nordeste foram respectivamente de 16 minutos, 37 minutos e 31 minutos. O cálculo exato desse período somente poderá ser disponibilizado a partir da consolidação de todas as informações geradas pelos órgãos descentralizados de operação. Dados de perturbações de outros países foram apresentados para efeito de comparação: para um blecaute ocorrido no leste dos Estados Unidos e Canadá, em 2003, foram necessários quatro dias para normalização; na Itália, para uma ocorrência também em 2003, foram necessárias 24 horas para restabelecimento do sistema.

 

Foi criado um grupo de trabalho, no âmbito do CMSE, coordenado pelo MME, para acompanhamento das análises associadas a esta perturbação.

 

Ao final, na visão geral dos participantes da reunião, ficou clara a origem da perturbação, além do reconhecimento da robustez do sistema e da boa gestão operacional do SIN. Foram determinadas também ações para aprofundamento da análise da ocorrência.

 

Assessoria de Comunicação
Ministério de Minas e Energia
(061) 3319-5588/5620