Em: 18/03/2015 às 16:06h por

Ao menos oito leilões serão realizados neste ano, segundo informações do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica. Cinco para contratação de nova capacidade de geração de energia e três para contratação de linhas de transmissão. Ainda existe há expectativa de que mais dois certames sejam anunciados ao longo de 2015.

Para a diretora da Engenho Consultoria, Leontina Pinto, essa quantidade de leilões refletem a escassez de suprimento em que o país se encontra. “Acho que é claro para todo mundo”, disse. “O que o governo está tentando fazer é cobrir um pouco dessa escassez”, completou. Para ela, o A-5 deixou de ser o grande “drive” da expansão do setor. “Nesse momento eu não tenho a menor ideia de como a demanda vai crescer nos próximos anos”, completou.

Ainda segundo Leontina, esse desbalanço na oferta de energia cresceu depois dos casos Bertin e Multiner e foi agravado por causa da seca. “A gente tinha 3GW que não entraram. As distribuidoras não puderam pedir energia porque teoricamente elas estavam contratadas por uma energia que não existia. E de, lá pra cá, o número de leilões começou a arrebentar”, analisou a especialistas. “É claro que se tivesse um planejamento mais sólido, eu poderia mitigar isso melhor.”

Para André Crisafulli, presidente da consultoria especializada Andrade & Canellas, os leilões de reserva podem ser vistos como um movimento natural para alavancar a fonte fotovoltaica. “É o mesmo movimento feito para as eólicas há sete anos”, disse. Segundo Crisafulli, existem grupos econômicos interessados em investir nesse segmento.

Na visão de Leontina, os leilões de reserva surgem também como uma solução para mitigar a falta de oferta de energia no mercado livre. “Se eu quiser fazer a expansão não existe transmissão e não tem financiamento. Qual é a solução que autoridades setoriais têm para isso? Fazer os leilões de reserva. Eu faço um leilão de reserva para ver se consigo cobrir um pouco desse déficit do ACL.”

Na geração, o leilão de fontes alternativas será o primeiro, marcado para 27 de abril. Aqui o objetivo é contratar energia de fonte eólica e biomassa, com início de suprimento em 1º de janeiro de 2016 e 1º de julho de 2017, pelo período de 20 anos. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, 570 projetos, ou 14.962 MW foram cadastrados. Desse total, 530 são usinas eólicas, somando 12.865 MW de potência instalada, e 40 usinas termelétricas a biomassa, que somam 2.067 MW.

No dia 30 de abril acontece o A-5, que visa contratar energia de projetos de fonte hidrelétrica, térmica e pequenas centrais, com início de suprimento em 1º de janeiro de 2020 e contratos variando entre 30 e 25 anos. A EPE registrou o cadastro de 91 projetos ou 19.826 MW de capacidade instalada, sendo que 77,8% originados de 31 térmicas a gás natural que ainda deverão passar pelo processo de habilitação para efetivamente concorrer no certame. O segundo maior volume de projetos também vem de térmicas, desta vez a carvão, com 2.100 MW divididos entre quatro projetos. As UTEs a biomassa vêm logo a seguir com 22 projetos e 1.161 MW de capacidade, 27 PCHs que somam 477 MW e mais sete UHEs com 649 MW. Destas, apenas a de Itaocara (RJ, 150 MW) e que já participou do último A-5, possui a licença ambiental.

No dia 24 de julho acontece o A-3, que visa contratar energia de fontes eólica, térmica e pequenas centrais, com início de suprimento em 1º de janeiro de 2018. A EPE recebeu pedido para o cadastramento de 521 projetos ou 18.929 MW. Do total da oferta, 11.476 MW são referentes a 475 projetos de geração eólica. Serão também avaliados para habilitação 18 projetos de termelétricas a gás natural, com total de 6.648 MW; 13 empreendimentos de termelétricas a biomassa, somando 604 MW; e 15 pchs, ou 201 MW.

Nesta semana, o MME marcou dois leilões de reserva, um para 14 de agosto, exclusivo para solar, e outro segundo para o dia 13 de novembro, com participação de eólicas e solar. O primeiro tem como início de suprimento a data de 1º de gosto de 2017 e o segundo, 1º de novembro de 2018. (Canal Energia)