O aumento na conta da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) do Rio Grande do Sul que vigora a partir deste mês é o primeiro de uma série de três reajustes programados para este ano. A alta acumulada pode chegar a 66%, como mostra reportagem do RBS Notícias (confira no vídeo). O preço contrasta com a qualidade do serviço, que tem muitas reclamações de clientes devido a quedas de luz. “Seguido falta luz aqui. Na sexta-feira mesmo faltou luz na minha casa, na casa do vizinho, e até a CEEE vir de Guaíba, leva duas horas para chegar até aqui”, desabafa o aposentado Antonio Dique, que sofre de bronquite e depende da energia elétrica para fazer nebulização quase de hora em hora. Morador do bairro Pedras Brancas, ele diz já ter ficado até três dias sem luz.
Na zona norte de Porto Alegre, comerciantes também reclamam. O empresário Gabriel Nicolodi afirma que enfrenta o problema uma vez por semana, quando o calor é forte. “Sempre que atinge os 30°C, 32°C, cai a luz. Isso é uma coisa certa. A gente até se prepara já, usa estabilizadores, desliga ar-condicionado porque sabemos que vai cair”, afirma.
No ano, passado as três concessionarias do Rio Grande do Sul tiveram de ressarcir os clientes em R$ 30 milhões devido aos cortes constantes de energia. Todas foram reprovadas no item “tempo máximo de interrupção”, de 14 horas o ano todo.
Segundo a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs), a AES Sul, a CEEE e RGE deixaram os consumidores às escuras por 80 horas. As reclamações aumentaram 73% em 2014. A pior situação é da CEEE e da AES SUL, que têm prazo de dois meses para apresentar um plano de melhoria dos serviços.
“Independente de medidas fiscalizatórias e outras que serão tomadas, não atendendo a um plano criado pelas próprias concessionarias, serão estabelecidas novas multas pelo não restabelecimento da qualidade que se precisa para um serviço tão essencial como a energia elétrica”, diz o presidente da Agergs, Carlos Martins.
Dono de uma churrascaria em Porto Alegre, Juliano Conzatti diz estar perdendo clientes, pois falta energia elétrica na hora do almoço, quando o estabelecimento está lotado. “É um absurdo o que a gente paga, e esse dinheiro não é transformado em investimento”, desabafa o empresário.
Segundo as empresas AES-SUL, CEEE e RGE, a principal causa das interrupções no fornecimento de energia em 2014 foram os temporais, considerados atípicos pelas operadoras. De acordo com as companhias, isso gerou o aumento nas reclamações. (G1)