Os autoprodutores de energia querem voltar a investir em novos projetos de geração no Brasil. Desde que Belo Monte foi licitada em 2010, o setor encontra dificuldade em participar de novos empreendimentos. Segundo Marcelo Moraes, diretor de Relações Institucionais da Abiape, seus associados têm interesse e condições financeiras para colaborar com a expansão da matriz. A Abiape foi uma das entidades que participaram de reunião com o ministro Eduardo Braga, no início de janeiro. “Mais do que pedir, nos colocamos a disposição do governo para investir em novas fontes de produção de energia. Mas para isso a forma de leilão precisa ser diferente porque não temos como competir com o produtor independente”, disse Moraes.
Com a perda da capacidade de caixa da Eletrobras, principal investidora do setor, o cenário se encontra favorável para a autoprodução voltar a ser protagonista. O diretor explicou que o momento se assemelha ao vivenciado em1990, quando o governo chamou a indústria para investir no setor elétrico. Para ele, o formato ideal seria um leilão específico para a autoprodução. Uma nova reunião com o ministro do MME está marcada para a primeira semana de março. “Esperamos uma sinalização do governo de que haverá empreendimentos que possamos participar”, disse Moraes.
Além de hidrelétricas, o foco também é investir em eólica e biomassa. Moraes esclareceu que, caso o PL404/2008 seja aprovado no Senado, os autoprodutores também se beneficiariam com o desconto de 50% da TUSD e TUST, o que deixaria os projetos de fontes alternativas mais atrativos para esse segmento.
Os dez associados da Abiape consomem 20% da energia produzida pelo Brasil, mas produzem cerca de 8% dessa energia. Com 62 projetos em operação (entre hidrelétricas, PCHs e térmicas), os autoprodutores participam com 10 mil MW de capacidade na matriz elétrica. Outros 541 MW aguardam para sair do papel: Pai Querê (292MW); Cachoeirinha (45MW); São João (60MW); e Tijuco Alto(144MW).
Por regra, o governo possibilita a oportunidade do autoprodutor participar em até 10% do montante total do empreendimento. Contudo, para o setor seria interessante que o agente pudesse entrar no projeto sozinhos, para ter melhor administração dos custos da obra. São associados da Abiape as empresas Alcoa, Odebrecht Energia, Arcelor Mital, Samarco, Companhia Siderúrgica Nacional, ThyssenKrupp, Vale, Eneva, Gerdau, InterCement, Votorantim. (Canal Energia)