Em: 07/11/2014 às 15:40h por Abrapch

A falta de chuvas e a crise energética que o Brasil vem enfrentando este ano ganhou um alarmante nesta quinta-feira (5) com uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, que trata da possibilidade do país conviver com “cortes seletivos” de energia durante o verão para garantir o fornecimento durante os horários de pico entre janeiro e fevereiro. A informação criou certa agitação, que, no entanto, rapidamente foi acalmada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Por meio de nota oficial assinada pelo diretor geral Hermes Chipp, o órgão tratou de desmentir a notícia e afirmou que o conteúdo da matéria “não corresponde à realidade”.

De acordo com a matéria “Verão pode trazer corte seletivo de luz”, assinada pelo jornalista Machado da Costa, o ONS teria avisado a distribuidoras e geradores que algumas medidas teriam que ser tomadas para que o abastecimento fosse assegurado. Em uma delas, as usinas hidrelétricas deixariam de fornecer energia durante a madrugada – um período em que o consumo naturalmente é menor. “Esses cortes afetariam grandes centros urbanos do Sudeste, como Rio, São Paulo, Campinas, Belo Horizonte e Vitória”, diz o texto veiculado na Folha.

O motivo para esse “corte seletivo” é o baixo nível dos reservatórios, o menor desde 2001, causado pela estiagem: o índice atual é de apenas 18,27% no Sudeste. Segundo a reportagem, essa medida de racionar energia seria necessária “se as chuvas não forem suficientes para elevar os reservatórios ao nível de 30% em janeiro”.

Na nota divulgada pelo ONS, porém, foi alegado que essas informações não estão baseados no Programa Mensal de Operação (PMO) do mês de novembro e que o atendimento à demanda de ponta deste mês está assegurado pela implementação de “diversas medidas operativas”. Além disso, o atendimento à ponta de carga nos meses do verão está sendo analisado mês a mês nos estudos de planejamento da operação de curto prazo.

Apesar de ter sido negada pelo ONS, essa não é a primeira vez que o assunto racionamento veio à tona devido à falta de chuvas – e o “fantasma” do apagão de 2001. No início de outubro, durante o 16º Encontro de Energia do Rio de Janeiro (Enerj), Pietro Erber, diretor do Instituto Nacional de Eficiência Energética (Inee), já havia demonstrado preocupação quanto a possibilidade de cortes de energia serem necessários pela falta de água.

“É normal que eles (reservatórios) estejam no nível baixo no fim do ano, mas estão bastantes baixos. O último verão foi uma catástrofe: vamos nos preparar. O que poderá haver é um racionamento no ano que vem, mas espero que não haja. Caso a demanda cresça significativamente, o que não é muito provável pela situação da economia e principalmente se a situação hidrológica não melhorar, isso poderá acontecer”