A crise que toma conta da indústria do etanol passou a contaminar os projetos de geração de energia alimentados pelo bagaço de cana, uma fonte que hoje responde por 9,2% de toda a capacidade instalada de energia no país. A maior parte das usinas de biomassa em construção vive situação preocupante de atraso ou simplesmente não tem mais previsão para conclusão.
Aquelas em situação financeira mais grave já deram início a processos de revogação de contratos com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A geração por biomassa equivale a toda a capacidade produzida por usinas movidas a carvão, óleo diesel e nuclear – um conjunto de 1.224 usinas que entregam 10% do parque instalado de energia. Os dados oficiais apontam que, atualmente, há 58 usinas de biomassa outorgadas pela Aneel com previsão de iniciar operação comercial até 2020.
A realidade, porém, é que apenas 14 usinas estão com seus cronogramas em dia. Em 20 empreendimentos, a situação é de alerta e tudo indica que haverá novos adiamentos.
Para 24 projetos, contudo, o cenário é crítico: oito deles estão com proposta de revogação de contrato em andamento, 13 estão sem perspectiva de início de obras e três estão parados.
“Isso é o reflexo da situação difícil que todo o setor vive no País. É um efeito dominó. As usinas de açúcar e álcool passam por complicações devido ao alto grau de endividamento”, diz Newton Duarte, presidente da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).