Em: 29/09/2014 às 17:20h por Valor

O governo retirou duas usinas hidrelétricas polêmicas no rio Juruena da lista de projetos que vão reforçar a oferta de energia nos próximos dez anos. A desistência – pelo menos temporária – fez com que grupos de defesa do meio ambiente respirassem aliviados: um parque nacional com quase dois milhões de hectares, o equivalente ao tamanho de Israel, seria reduzido para acomodar as hidrelétricas de São Simão Alto e Salto Augusto Baixo. Juntas, elas têm capacidade prevista de 4,9 mil megawatts.

Localizados em pleno Parque Nacional do Juruena, o quarto maior do país, os dois projetos são o terror dos ambientalistas: podem afetar 42 espécies de animais ameaçados de extinção, que só existem naquela região, e colocar em risco corredeiras vitais para a migração de peixes. Estima-se que, para a construção das usinas, seria necessário alagar 40 mil hectares de áreas protegidas.

Contra essas hidrelétricas, encravadas na divisa de Mato Grosso com o Amazonas, um abaixo-assinado capitaneado pela WWF Brasil conquistou a adesão de 22 mil pessoas. As assinaturas da campanha SOS Juruena, pedindo o abandono dos empreendimentos, foram encaminhadas ao Ministério de Minas e Energia. Até o presidente do Instituto Chico Mendes (ICMBio), Roberto Vizentin, aderiu à campanha. “O parque é o coração de um mosaico de unidades de conservação e constitui uma barreira para o avanço do desmatamento na Amazônia”, afirma o superintendente de conservação da WWF Brasil, Mauro Armelim.