Entre os donos de micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo, o ambiente de negócios passa por um momento delicado. Segundo pesquisa mensal, referente a abril, do Sindicaro da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), 66% dizem que a crise econômica está prejudicando os negócios e, mais do que isso, colocando-os em risco.
Segundo Joseph Couri, é a primeira vez que dados alarmantes como esse aparecem na pesquisa que é realizada desde 2013. “Isso significa o risco de fechamento de 188 mil empresas, que reprentam 750 mil postos de trabalho direto. O mercado interno nunca esteve tanto em risco como agora”, afirma.
Para sobreviver, a principal estratégia das micro e pequenas indústrias, utilizada em 39% delas, é a redução de custos. Para 22% delas, a solução tem sido a redução de custo com mão de obra, enquanto 20% está adotando o corte de funcionário para escapar do impacto da crise econômica.
A Trix, indústria que fabrica catracas e pontos eletrônicos para empresas desde 1984, viu o seu quadro de funcionários ser reduzido a menos da metade. Em dois anos, o número de profissionais caiu de 180 para 70. “No ano passado, houve a queda de faturamento e a redução do quadro. O que acontece é que agora estanilizamos em baixa. Reduzimos muito a empresa em um ano e meio e a possibilidade de novas demissões dependerá das medidas econômicas que acontecerão nos próximos dois meses”, explica André Garcia, fundador do negócio.
A pesquisa do SIMPI mostra que 21% das micro e pequenas indústrias demitiram funcionários no mês de março (em fevereiro, foram 16%) e que 17% delas têm previsão de fechamentos de vagas para o próximo mês.
Para Couri, foi a perda do poder aquisitivo que levou o setor a essa situação. “Se você tem menos consumo, tem menos produção e menos geração de emprego. Além disso, tivemos aumento de impostos no combustível, na energia elétrica e no custo do dinheiro”, diz.
Segundo Garcia, está difícil achar empresas dispostas a comprar. “Todo mundo está postergando investimento e aguardando medidas do governo. As empresas precisam das coisas, estão interessada, mas ninguém fecha projeto porque está inseguro”, diz o empreendedor.
“É um problema estrutura e não conjuntural. É o conjunto de medidas que está afetando, principalmente a elevação dos preços administrados pelo governo e a restrição do crédito, com a redução cada vez maior de concessão de empréstimos. Conseguir um empréstimo é quase como ver uma mosca branca”, afirma o presidente do Simpi.
Para mudar a situação, em que 25% dos empresários dizem que seu negócio está em situação ruim ou péssima, Couri acredita que a concessão de crédito inteligente é fundamental. “Precisamos de linhas de crédito a longo prazo. Se você tem linhas de 30, 60 dias no cheque especial, com juros a 14%, você acaba de matar o empresário. Tem que haver crédito responsável, com horizonte de longo para que a empresa consiga pagar e sair do buraco.”