Em: 27/04/2015 às 15:58h por

A semana que começa nesta segunda-feira, 27 de abril, promete ser agitada, com apenas quatro dias úteis o país terá dois leilões. E a expectativa é de que, em ambos certames, haja competitividade em decorrência de preço teto atrativo para todas as fontes, como as PCHs apostam em uma ampla participação. Até mesmo usinas renegadas como as térmicas a carvão têm possibilidade de entrar na disputa com condições de fechar contratos no A-5.

De acordo com a diretora da Thymos Energia, realmente o preço teto para a PCH no A-5, do dia 30, abre uma boa perspectiva de contratação. Segundo ela, o preço da fonte poderá até mesmo apresentar deságio em decorrência da concorrência que o valor de R$ 210/MWh para a fonte deverá proporcionar. “O preço já ajustado com as condições de financiamento que estão piores que no passado colocaria o valor da tarifa dessa fonte na faixa entre R$ 190 e R$ 200/MWh”, disse.

Além disso, Prandini avalia que os valores para as térmicas deverá levar sim à contratação de alguma a carvão no sul, mas nesse caso sem muito deságio por estar o preço-teto bem justo, sem grande margem de manobra. Mas quanto às usinas a gás natural ainda pairam dúvidas sobre a viabilidade de contratos de fornecimento do combustível, que é o maior problema enfrentado pelos investidores no país. Entre as possibilidades de usinas nessa modalidade lembra que poderia ser negociada uma extensão de contrato da Petrobras com a Copel para a UTE Araucária. Outros projetos que poderiam ser destravados seriam os que utilizam GNL a exemplo do que fez o grupo Bolognesi no último A-5, mas ainda existem mais dúvidas do que certezas quanto ao modelo utilizado nessa oportunidade.

E ainda, disse a executiva, há uma perspectiva de que a AES Tietê poderia até mesmo fazer um swap com a Petrobras para comprar GNL no exterior e entregar em um terminal de regaseificação em troca de receber gás natural para abastecer uma térmica no interior de São Paulo. “Essa é uma alternativa que ouvimos falar no mercado e que poderia ser viável, mas tudo depende de negociação”, ressaltou.

Para o presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral, Fernando Luiz Zancan, o valor de R$ 281/MWh é considerado razoável e deverá viabilizar projetos. O problema é a questão do investimento que á atrelado ao dólar e que pode pesar na hora do lance. O cenário macroeconômico, segundo ele, deverá ter forte influência na decisão dos empreendedores em oferecer energia no certame.

O gerente de bioeletricidade da Única, Zilmar de Souza, destacou que o encerramento das inscrições de projetos antes de se conhecer o preço reduziu o número de usinas que poderiam participar do Leilão de Fontes Alternativas desta segunda-feira, 27 de abril. Ele argumenta que o interesse abaixo que o segmento tem de potencial deve-se à memória do setor de preços baixos e que impendem a competição desses projetos em leilões em um passado recente. “Temos ainda a indefinição do papel da bioeletricidade na matriz elétrica nacional. Não adianta pensar nessa fonte sem pensar no bioetanol, há a necessidade de uma política energética consolidada nesse campo”, disse ele.

Em comparação aos dois leilões que a fonte participará, o executivo da Única diz que projetos novos mesmo deverão ser vistos no A-5 mais do que no LFA. Essa posição também é defendida pela diretora da Thymos. A conta é simples, diz, se em um leilão o preço teto é de R$ 215/MWh e na mesma semana o preço do certame é de R$ 281/MWh, ambos para energia nova, é meio que óbvio que os projetos novos serão negociados no A-5. No LFA, a tendência é de se ter a biomassa contratada para 2016 e as eólicas para 2017, mas nesse último caso, limitado pela capacidade de entrega de equipamentos por parte dos fabricantes.

Essa impressão é confirmada pela presidente executiva da ABEEólica, Élbia Silva Gannoum. Segundo ela, o fato deste ser um leilão com aspecto A-2 e as fábricas estarem com muitos pedidos em função de leilões passados, há uma certa dificuldade em atender a demanda por conta da fila de espera. “Se esse leilão fosse um A-3 a situação seria diferente, mas há pouco prazo para a entrega de equipamentos diante do alto volume de vendas em 2013”, afirmou.

Além disso, outro problema que pode limitar a contratação pelo pouco tempo a se iniciar a operação dessas usinas que serão viabilizadas no LFA é a conexão, pois há limitação para a construção dessas linhas em pouco tempo. Mas de forma geral, deve haver demanda porque o governo precisa de aumentar a segurança de fornecimento de energia e a eólica é uma fonte que entrar rapidamente em operação. Das UHEs, a expectativa da Thymos é de que a de Itaocara (RJ, 155 MW) atraia mais investidores, uma vez que a usina já foi colocada no leilão do ano passado mas não teve interessados. (Canal Energia)