A Alstom espera que o governo mantenha os planos e licite o mais breve possível a hidrelétrica São Luiz do Tapajós (6.133MW), que será instalada no Pará. Por ser um dos últimos aproveitamentos hídricos de grande porte, o projeto terá a missão de reaquecer a indústria, que passa atualmente por uma fase morna.
De acordo com o presidente da Alstom no Brasil, Marcos Costa, a última grande leva de encomendas aconteceu após a licitação das usinas do rio Madeira, Jirau e Santo Antônio, em 2008. “Naquele momento, o mercado foi maior do que o que estamos vivendo no momento. Tivemos que fazer uma readequação para menor. Tapajós é vital para a indústria, para trazer uma encomenda importante. Se novas hidrelétricas saírem em um prazo relativamente curto, nós temos condições de aumentar nossa produção e absorver esse eventual aumento”, disse o executivo, após a inauguração do Centro Global de Tecnologia (CTG), localizado em Taubaté.
O governo mantém a expectativa de licitar, ainda este ano, o projeto da hidrelétrica São Luiz do Tapajós. Segundo informou, nesta semana, Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a ideia é preparar um leilão especial para esse empreendimento. a hidrelétrica terá 33 turbinas do tipo Kaplan e reservatório de 722 quilômetros quadrados. O projeto será o primeiro no conceito de usina-plataforma, baseado no modelo de exploração de petróleo em alto-mar, com o objetivo de causar impacto mínimo no meio ambiente. Essas usinas seriam cercadas de floresta por todos os lados.
Além de São Luiz do Tapajós, a EPE espera levar à licitação neste ano a UHE Itaocara (145MW-RJ). Esta estava prevista para ser licitada ainda em 2013, porém foi retirada do último leilão A-5, realizado em dezembro. Itaocara já possui a licença ambiental. A ampliação da capacidade instalada da UHE Santo Antônio também está no radar da EPE.
A companhia detém atualmente 36% do mercado para hidrelétricas brasileiro. Atualmente está fornecendo para as usinas Santo Antônio do Jari (373,4MW), Jirau (3750MW), Santo Antônio (3568MW), Belo Monte (11233MW), Cachoeira Caldeirão (219MW), Baixo Iguaçu (350MW) e São Manoel (700MW). “Nosso único revés foi Sinop (400MW)”, afirmou.
Costa ressalta que um eventual crescimento dependerá não só de Tapajós, mas também da retomada do setor de pequenas centrais hidrelétricas. “A Alstom sempre teve participação importante neste mercado. Não temos nenhuma PCH em produção no momento, mas temos equipe e a engenharia. Estamos prontos para a retomada. Não queremos sair de jeito nenhum deste segmento”, frisou.
Transmissão
Outra meta da Alstom para o curto prazo é fornecer para o segundo bipolo de Belo Monte, cujo leilão deve ficar para o próximo ano. “Ficamos frustrados no primeiro bipolo, mas com certeza vamos estar com muita motivação para o próximo. Fomos uma das primeiras empresas a investir em 800 kv (ultra alta tensão). Nosso conteúdo local para o segundo bipolo é expressivo, não posso revelar o percentual, mas atende tranquilamente a condição de financiabilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social”, disse.
Proposta da GE
Todos esses planos acontecem em meio a um turbilhão que pode mudar os rumos da Alstom. Os negócios de energia da companhia, em nível global, podem ser comprados pela GE. Sem dar muitos detalhes, Costa informou apenas que o Conselho de Administração da companhia tem até o dia 2 de junho para responder se aceita ou não a proposta feita pela empresa norte-americana, que quer pagar 12,3 bilhões de euros. A alemã Siemens corre por fora.