Em: 13/05/2014 às 13:16h por O Estado de S. Paulo

A empresa de energia Eneva, ex-MPX, vai promover um aumento privado de capital de até R$ 1,5 bilhão, parte de um acordo para fortalecimento de sua estrutura financeira, que também envolve a renegociação de dívidas e a venda da térmica Pecém II, conforme indicou fato relevante divulgado ontem.

Do total de R$ 1,5 bilhão, R$ 316,5 milhões serão subscritos na primeira fase, ao valor de R$ 1,27 por ação, cotação no encerramento do pregão da última sexta-feira. A acionista alemã E.ON se comprometeu a subscrever novas ações da Eneva no valor de R$ 120 milhões.

Na segunda fase da operação, será feito um aumento privado de capital em dinheiro e bens que descontará o valor da primeira etapa, com a E.ON se comprometendo a subscrever novas ações em um montante de até R$ 450 milhões.

O compromisso poderá ser realizado mediante a contribuição de parte, ou a totalidade, das ações diretas ou indiretas detidas pela acionista alemã e de emissão da Pecém II Geração de Energia. Desta forma, a Eneva ganharia uma liquidez imediata.

Em operação paralela ao aumento de capital, os bancos participantes – Itaú Unibanco, BTG Pactual, Citibank e HSBC – concederiam um empréstimo-ponte de R$ 100 milhões à antiga empresa do grupo OGX, de Eike Batista. O objetivo é dar liquidez imediata ao negócio.

Mas atrair dinheiro novo não é a única meta da Eneva. A empresa também vai reduzir custos ao longo de 2014. O objetivo do grupo é atingir R$ 80 milhões por ano em despesas operacionais – uma queda de 52% sobre o resultado de R$ 167 milhões do ano passado. As medidas deverão incluir corte de pessoal.

Sócios. Após as duas fases do aumento de capital, a alemã E.ON poderá ter 41,3% de participação na Eneva, afirmou ontem o diretor-presidente da companhia, Fabio Bicudo, em teleconferência com analistas. Esse cenário, segundo o executivo, é o mais conservador e assume uma menor participação dos acionistas minoritários.

Hoje, de acordo com informações do site da companhia, a E.ON possui 37,9% da Eneva. Ainda nesse cenário, Eike Batista teria a fatia na empresa reduzida de 23,9% para 19,2%.

Em um segundo panorama, que leva em conta uma maior adesão de minoritários, a E.ON manteria a sua participação e Eike cairia para 17,6%, conforme informações de Bicudo.

Pecém. A Eneva organizará um processo competitivo para a venda integral ou de metade do capital da usina termelétrica de Pecém II. A E.ON assegura a compra de 50% de Pecém II a preços de mercado até R$ 400 milhões, na eventualidade de nenhuma proposta ultrapassar este limite. A venda desse ativo será de 50% até a sua totalidade.

Bicudo disse que esse processo de venda do ativo já teve início e que tem atraído a atenção de terceiros. Um dos pontos que pode tornar mais fácil a negociação desse ativo, segundo Bicudo, é que Pecém II pertence integralmente à Eneva, facilitando assim as conversas com terceiros.

“É um ativo facilmente compreendido e tem tido boa performance e atraído terceiros por se tratar de algo competitivo”, disse. O executivo frisou que, com a venda de Pecém II para terceiros, a Eneva “terá mais capital entrando, reduzindo a dívida”.

Além do refinanciamento da dívida, os bancos irão conceder um financiamento de longo prazo à Pecém II, no valor total de R$ 150 milhões.

Fomento. O presidente da Eneva disse que o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem participado do processo de reestruturação da empresa, apesar de não fazer parte desse acordo específico.